25 DE JANEIRO DE 2013
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E, Sr.ª Deputada, não nos venha dizer que não dão o peixe, mas dão a cana e ensinam a pescar. É que
este Governo nem peixe, nem cana, nem mar! Este Governo tira e diz aos jovens portugueses e às famílias:
vão-se embora daqui, emigrem!
Mais importante do que vir aqui falar-nos da importância de algumas medidas que estão em curso, das
cantinas sociais, teria sido a Sr.ª Deputada ter ouvido, na audição parlamentar que realizámos, algumas IPSS
afirmar o seguinte: este Governo, em vez de se autoelogiar pela abertura de mais cantinas, devia proceder ao
encerramento de cantinas, porque isso, sim, seria um exemplo de que a fome e a pobreza estão a ser
erradicadas.
Mas nós sabemos que assim não é, porque o resultado destas políticas — e não é preciso ser grande
economista para percebê-lo, Sr.ª Deputada, porque, se falar com qualquer pessoa na rua, ela explica-lhe o
que é a dureza do seu dia-a-dia —, das políticas que estão em curso, do pacto de agressão da troica, de não
querer renegociar a dívida, de destruição do aparelho produtivo nacional e de agravamento do desemprego,
só vai gerar mais pobreza, Sr.ª Deputada.
É por isso que dizemos que, mais importante do que a cana e o peixe, é, desde logo, garantir a dignidade à
vida de milhares de crianças e jovens que, hoje, são atirados para a pobreza, por responsabilidade direta
dessa bancada e deste Governo.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Rita Rato, quero saudá-la pela sua
declaração política e pelo problema que abordou aqui hoje, que se prende diretamente com a pobreza infantil.
Quero dizer-lhe, Sr.ª Deputada, que estou perfeitamente estupefacta com as considerações feitas ainda
agora pela Sr.ª Deputada do PSD, dando a crer que a pobreza está nitidamente a diminuir em Portugal. Isto dá
a ideia de que o PSD e, em particular, a Sr.ª Deputada Nilza de Sena estão profundamente alheados da
realidade. É que a pobreza sente-se no terreno, Sr.ª Deputada. Bem sei que o Governo e a maioria já não
contactam diretamente com as pessoas…
Vozes do PSD: — Oh!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — … e são mal recebidos quando saem à rua. Mas, Sr.ª Deputada,
é preciso encarar a verdadeira realidade do País: a pobreza aumenta, em Portugal, fruto das políticas
desenvolvidas pelo Governo. Não tenha dúvidas, Sr.ª Deputada.
Sr.ª Deputada Rita Rato, falando em questões concretas, fundamentalmente na área da educação, que é
onde o apoio também pode ou não ser visível para o conjunto de crianças e jovens neste País, gostava de
saber o seguinte: temos mais informação sobre o abandono de estudantes no ensino superior, não temos?
Temos confirmação das dúvidas que se tinha há tempos, não temos? Temos, temos confirmações!
Sr.ª Deputada, abandono é uma coisa. Mas uma outra coisa, de que não temos números e provavelmente
não vamos ter, mas que é uma realidade neste País, é esta: quantos jovens e quantas famílias não poderão
hoje sequer sonhar em ir para o ensino superior? Não é abandonar, é nem sequer pensar ou sonhar com essa
realidade na sua formação, e isto é preocupante.
Quanto ao apoio social escolar dos mais novos, a Sr.ª Deputada está convicta de que o mesmo abrange
todas as crianças e famílias que, de facto, teriam necessidade desse apoio escolar, ou houve regras alteradas
e uma diminuição eficaz do universo de crianças abrangidas?
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Peço-lhe que conclua, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Concluo já, Sr. Presidente.
E o programa do pequeno-almoço escolar, Sr.ª Deputada, era uma emergência… Não, minto: primeiro,
havia muitas dúvidas; depois, percebeu-se que, de facto, era real (e Os Verdes denunciaram bastante esta