I SÉRIE — NÚMERO 45
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O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — O Sr. Deputado recorda-se perfeitamente que esse Decreto-Lei, aprovado com
os votos do PSD e do CDS-PP, foi de um anterior Governo do Partido Socialista,…
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Nem mais!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — … que tirou o abono de família a milhares de crianças, que retirou o
complemento solidário para idosos a milhares de idosos, que impediu o acesso ao subsídio de desemprego e
ao subsídio social de desemprego, que contribuiu para o agravamento da pobreza.
Sem dúvida que o fizemos e que o continuaremos a fazer agora, uma vez que o Governo PSD/CDS
continua e insiste em perpetuar o acesso às prestações mínimas de sobrevivência.
Portanto, gostaríamos que o Partido Socialista rompesse com o discurso de insistir no caminho da
austeridade para resolver os problemas do País, que foi o que o Sr. Deputado Pedro Delgado Alves fez.
Para nós, o problema da pobreza é estrutural porque se prende com as desigualdades sociais e com a
desigual distribuição da riqueza. Precisámos que o PS virasse à esquerda para acompanhar o PCP quanto ao
aumento do salário mínimo nacional e à revogação do Decreto-Lei n.º 70/2010. Isso, sim, seria muito
importante e seria certamente um sinal de avanço e de progresso, que, infelizmente, o PS não quer fazer e,
por isso, enquanto tal não acontecer, vai continuar a ouvir o PCP a falar dos 36 anos de políticas de direita!
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana
Aiveca.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr. Presidente, a Sr.ª Deputada Rita Rato trouxe, de facto, um problema
que deveria preocupar mais as bancadas da direita e o atual Governo.
A pobreza tem vários rostos, mas tem um impressionante rosto de criança. E só quem tem muita
insensibilidade social é que não fica chocado com a brutal imagem que ainda anteontem vimos na televisão,
em que crianças tiravam do seu almoço na escola para levarem para casa, para os seus pais.
Portanto, quando a Sr.ª Deputada Nilza de Sena fala em cana e em pesca, decididamente, o que está a
fazer é a meter uma grandessíssima água sobre as políticas sociais! Está a esconder que o Programa de
Emergência Social não respondeu ao essencial;…
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — … está a esconder que, em prestações sociais, este Governo e o seu
ministro, que tanta propaganda fez sobre o humanismo cristão, cortou 2000 milhões de euros em prestações
sociais. Esta é a grande verdade!
Ainda agora vimos, no Orçamento do Estado, o corte no subsídio de desemprego. Como queremos que a
pobreza não tenha rosto de criança quando há pais que recebem 396 € de subsídio de desemprego? Esta é
que é a realidade, pura e dura, de uma política de insensibilidade social levada ao limite, de uma política que
assenta no dogma da direita, num dogma perfeitamente ideológico de que o Estado tem de ser um Estado
mínimo.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Queira fazer o favor de concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Termino já, Sr. Presidente.
Pergunto-lhe, Sr.ª Deputada, se não considera que é uma emergência romper com esta política e se não
considera ser uma necessidade muitíssimo urgente aumentar o salário mínimo nacional.