I SÉRIE — NÚMERO 45
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A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Muito bem!
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Não chega regressar ao financiamento com a ajuda do Banco
Central Europeu, é preciso saber que País teremos, daqui a um ano e meio, a dois anos ou a três anos, do
ponto de vista económico-social.
A previsão de recessão para este ano já está a duplicar e a de 2014 estará no mesmo caminho se os
senhores aplicarem o corte de 4000 milhões de euros na despesa social; basta olhar para os multiplicadores
orçamentais e para as previsões do Banco de Portugal. Terraplanar o País para tentar regressar aos
mercados não serve de nada.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Quem é que assinou o Memorando?
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — É preciso muito mais do que apenas o regresso aos mercados, é
preciso voltar ao crescimento económico. Isto é tudo o que a vossa política não faz agora e não fará para o
ano.
Aplausos do PS.
Tenham a coragem, perante esta mudança de política na Europa, perante este sinal positivo que agora
ocorreu em toda a Europa, de ajustar o processo orçamental. É preciso ajustar a trajetória do processo
orçamental,…
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Qual é a pressa?
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — … senão não saímos da espiral recessiva em que nos encontramos.
Nada adianta sair e voltar aos mercados se o País tiver mais 200 000 desempregados e uma recessão que,
provavelmente, vai ser outra vez superior a 2% este ano e em 2014. Este é o País que não queremos, mesmo
que isso signifique o tal regresso aos mercados e a tal normalização.
Aplausos do PS.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente Ferro Rodrigues.
O Sr. Presidente: — Para uma declaração política, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato, do PCP.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: A profunda crise económica e social com que o
País está confrontado tem tido impactos brutais na vida de milhares de famílias e, de forma particularmente
grave, sobre as crianças e jovens.
Nas escolas portuguesas existirão, certamente, mais de 13 000 crianças com fome e carências
alimentares. Na Área Metropolitana de Lisboa metade dos alunos do ensino pré-escolar e do 1.º ciclo são
abrangidos pelos escalões A e B da ação social escolar. Isto significa que, em final de 2012, mais 50 000
crianças do que em 2007 viviam em famílias com rendimentos mensais de referência até 419 €.
Há fome na escola, porque há fome em casa. Há falências e encerramento de empresas, salários em
atraso, desemprego e cortes nos apoios sociais, no subsídio de desemprego, no abono de família e no
rendimento social de inserção. Há um aumento do custo de vida. É uma espiral de empobrecimento que
arrasa a vida de largos milhares de famílias no nosso País.
A Sociedade Portuguesa de Pediatria denunciou recentemente que têm surgido nos hospitais casos que
não se registavam há mais de 20 anos: mães que acrescentam água ao leite artificial, ou dão leite de vaca a
bebés de meses; crianças que, na segunda-feira, nos refeitórios escolares, repetem tudo o que puderem; pais
que não têm condições de acompanhar os filhos no internamento hospitalar.
Cada vez mais famílias têm dificuldades em cumprir as necessidades básicas das crianças com
alimentação, vestuário, habitação, material escolar e cuidados de saúde.