26 DE JANEIRO DE 2013
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de concessão. Não estamos a permitir-lhes abandonar a qualidade, não estamos a permitir-lhes fechar a
torneira,…
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Já fecharam! Já fecharam os fontanários às pessoas!
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — … porque eles estão obrigados por um contrato e se decidissem
fechar a torneira, como qualquer outra entidade, perdiam o contrato e iam para a rua.
Protestos do PCP.
Por isso, Sr.as
e Srs. Deputados, o que hoje estamos a fazer é a permitir, também neste setor, que os
privados possam trazer o seu esforço; é a permitir que os portugueses ganhem com a eficiência que hoje é
perdida e que poupem o que hoje têm de pagar!
É assim que baixamos os custos, Srs. Deputados.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Como se tem visto!…
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — E é assim, Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, que podemos
servir melhor os portugueses, assegurando-lhes um serviço cuja propriedade é pública: a água é pública, o
serviço pertence ao Estado e pode ser concessionado, pode ser gerido por privados, por um tempo.
Os bens voltam, no final da concessão, para os municípios.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Voltam ao fim de 75 anos!
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — As regras são impostas não apenas pelo Estado concedente, não
apenas pela Águas de Portugal, que continuam a ser públicas, não apenas pelo concessionário, mas também
por um regulador mais forte.
O que sabemos é que todos queremos eficiência. Mas os senhores têm medo das pessoas.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Farmhouse.
O Sr. Pedro Farmhouse (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Entre as intempéries que
assolaram o nosso País no passado fim de semana e a euforia provocada pelo regresso aos mercados, a
Assembleia da República debruça-se, hoje, sobre uma das mais importantes reformas a que o nosso País já
assistiu nos últimos anos.
Infelizmente, tal reforma, que mexe com a vida de todos e de cada um dos nossos concidadãos, não se
pauta por elogios externos, por primeiras páginas do jornal ou por abertura de noticiários televisivos.
A reestruturação dos setores das águas, do saneamento e dos resíduos caracteriza-se por uma total
opacidade, por falta de transparência e pela surpreendente ausência de estudos aprofundados do
conhecimento público que justifiquem as opções.
No preciso momento em que o Pais se confronta com cortes de água e de energia, o Parlamento aprecia
uma proposta de lei que prevê, pura e simplesmente, o desmantelamento dos dois importantes instrumentos
do Estado e a sua entrega à iniciativa privada — a Águas de Portugal e a Empresa Geral do Fomento, SA. Por
isso, é preciso que os portugueses percebam bem quais são as reais intenções do Governo, e se o Governo
não as torna públicas, o maior partido da oposição não deixará de as assinalar.
Não deixa de ser curioso evocar aqui o Programa do Governo. Pena é que, quando foi da lei das rendas,
não tenham cumprido o compromisso do Programa, dos 15 anos de transição, e tenham, pura e
simplesmente, eclipsado essa parte do Programa do Governo. Esperemos que o mesmo não aconteça em
relação a estas matérias relacionadas com as águas, o saneamento e os resíduos — e isto, acima de tudo, é
mais uma prova daquilo que é o ziguezague.