26 DE JANEIRO DE 2013
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O Sr. Luís Fazenda (BE): — O que se sabe é que os aumentos de tarifas vão ser brutais para corrigir o
chamado «défice tarifário», para corrigir as circunstâncias de endividamento de unidades, daquelas que virão
a ser agrupadas nos sistemas multimunicipais.
Portanto, a Sr.ª Ministra «lavou as mãos» em relação ao aumento brutal das tarifas, e não nos venha falar
de ideologia! O que há aqui é uma assunção, do ponto de vista político, de que o Estado não tem capacidade
sequer para tratar do saneamento — o saneamento também é para os privados. Um dia, se não se
interromper esta política, chegaremos ao pragmatismo americano, em que até as morgues são privatizadas…
Portanto, todos os serviços essenciais, tudo o que tem a ver com as necessidades dos cidadãos e das
cidadãs serão objeto de privatização. É esta a política de quem está no comando, a de o mercado invadir
todas as tarefas, todas as soluções, todos os serviços! Pelo menos, enquanto tiverem prejuízo, o risco corre
pelo Estado, já quando tiverem capacidade de gerar lucros, correrão a favor dos privados.
Sr.ª Ministra, Sr.as
e Srs. Deputados, para além da nossa oposição frontal a esta privatização encapotada e
perversa, a esta PPP invertida que aqui estão a desenhar, apresentamos um projeto de resolução para pedir
aos portugueses que se pronunciem.
Nas circunstâncias atuais, com uma maioria claramente definida que vai viabilizar esta lei e privatizar o
setor de abastecimento de água e de resíduos, entendemos que esta é a oportunidade de perguntar aos
portugueses e às portuguesas o que pensam disso,…
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — Já disseram!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — … porque a água é um bem-primeiro, é um bem essencial, é um recurso
essencial!
Não nos venham alegar com legitimidades eleitorais. Basta ler o Programa Eleitoral do PSD para ver que
está lá escrito entre parêntesis, e no Programa Eleitoral do CDS não se encontra nenhuma referência a este
sistema que aqui é proposto. Portanto, essa questão não se põe!
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Até no Programa do Governo esta medida está timidamente ensaiada. Tudo
isto é novo e vão ter de o assumir.
A água é um bem essencial, é preciso perguntar aos portugueses, pois é a única forma de, neste momento,
travar o apetite voraz da privatização.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado António Leitão Amaro.
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Ministra, Sr.as
e Srs. Deputados: O que
fazemos com esta proposta que o Governo nos traz? Em primeiro lugar, confiamos nas pessoas, confiamos
nos empresários para trazerem também a este setor mais eficiência. Uns não querem confiar nas pessoas,
mas nós acreditamos no seu esforço empresarial.
Em segundo lugar, com esta proposta de lei seguimos uma tendência mundial. É verdade que o PCP está
contra a história. Mas, Srs. Deputados do PCP, há 10 anos 300 milhões de pessoas estavam servidas por
sistemas de água geridos por privados, há 5 anos já eram 500 milhões e, hoje, são 1000 milhões! Mesmo em
França, exemplo que os Srs. Deputados referem, em matéria de resíduos, 50% das pessoas já são servidas
por operadores privados.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Quer o Sr. Deputado dizer que já pagam mais!
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — Mais, Srs. Deputados: com esta proposta de lei cumprimos a
vontade dos portugueses, cumprimos o nosso Programa Eleitoral e cumprimos o Programa do Governo.