I SÉRIE — NÚMERO 46
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Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — Os portugueses já escolheram! Os senhores é que não se
lembram, porque teimam em ignorar os votos nas urnas.
Com esta proposta de lei não impomos gestão privada, abrimos à gestão privada um setor — e é preciso
que não esqueçamos isto — que está hoje em crise e que é hoje insustentável. A forma como o sistema está
organizado ditou que houvesse desperdício, desorganização, falta de coerência institucional e custos
estimados de, pelo menos, 180 milhões de euros por ano com estas ineficiências e com a organização atual.
Temos um País com uma disparidade tarifária brutal: uns não pagam, outros pagam muito. E temos
também, como a Sr.ª Ministra já disse, vários sistemas públicos à beira da bancarrota.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, esta proposta de lei é parte de uma reforma que tem outras partes.
Mas vamos ser claros: o que teremos depois desta lei? O que é que está garantido? Está garantido que a
água é privada…
Vozes do PCP: — A água é privada?!
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — A gestão da água vai ser feita também por privados, mas…
Protestos do PCP, do BE e de Os Verdes.
Srs. Deputados, se me permitirem…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Disse bem! Agora é que lhe fugiu a boca para a verdade!
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — A água é pública, os recursos são públicos,…
Vozes do PCP: — Ah!…
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Mas o lucro é privado!
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — … a propriedade dos sistemas é pública, o direito aos serviços é
público e os serviços são públicos.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — A água é pública, a gestão é pública, mas o lucro é privado!
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — Aquilo que pode ser concessionado é a gestão. A gestão, esta sim,
pode ser concessionada a privados.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, o que fazemos hoje não é mais do que criar regras iguais para todo
o País. Hoje, no nosso País, temos regiões onde já há privados a gerir, desde a alta à baixa, desde a captação
à entrega aos consumidores. Por exemplo, é o que acontece em Mortágua, um município do Partido
Socialista.
Com esta proposta de lei deixamos de ter dois países e passamos a ter um País em que há alguns sítios
onde pode haver abertura a privados e outros onde não pode.
Permitam-me também, Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, que responda a mais algumas questões
para que dúvidas não subsistam.
O que é que ganhamos? Ganhamos mais eficiência, ganhamos investimento privado para assegurar as
obras os equipamentos que faltam. É necessário fazê-lo, porque o País ainda precisa de melhorar as suas
taxas de atendibilidade.
O que é que não fazemos? Não estamos a aumentar as tarifas, não damos aos privados o direito de
aumentarem as tarifas, e os senhores sabem-no, porque quem fixa as tarifas é o regulador — a ERSAR —,
nos termos da proposta de lei. Não estamos a permitir aos privados que decidam se fazem a obra ou não, se
investem ou não, porque eles têm regras, investimentos e metas que têm de cumprir nos termos do contrato