I SÉRIE — NÚMERO 48
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Sr.as
e Srs. Deputados, de todo, não é isso que queremos com o nosso projeto.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — O que queremos é que a agricultura, como atividade económica que é,
como atividade de planeamento do território que é, como uma questão de segurança e soberania alimentar do
País que é, tenha a relevância que tem e deve ter numa estação de televisão que presta um serviço público,
que é a RTP.
Já agora, Sr.ª Deputada do Bloco de Esquerda, era o que mais faltava ser a Sr.ª Deputada a escolher
quem é que no grupo parlamentar do CDS fala sobre os temas:…
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
Protestos da Deputada do BE Cecília Honório.
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — … se é o Sr. Deputado da Comissão de Agricultura, quando é uma
questão de agricultura, se é o Sr. Deputado Raúl de Almeida, quando é uma questão da Comissão de Ética.
Não é, seguramente, nossa intenção dar orientações a ninguém, muito menos à RTP; muito menos criar
uma grelha de programas para a RTP; muito menos dar orientações à RTP para que tenha um programa com
um determinado conteúdo, o qual não nos compete definir! Provavelmente, essa é a doutrina de alguma
esquerda, não é seguramente a nossa.
Saudamos o Partido Socialista, nomeadamente o Deputado Miguel Freitas, por ter dito que se trata de uma
questão que lhe interessa, que a mesma deve ser debatida e, ainda, que poderá, eventualmente, não estar
totalmente de acordo com o nosso projeto mas que a agricultura tem de ter relevância.
Muito bem, Sr. Deputado. Essa é uma atitude correta, essa é a nossa atitude. Não queremos interferir nas
grelhas de programas nem definir os programas ou o seu próprio conteúdo!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Ah, não? Então, vão retirar o que propõem!
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — O que queremos é que haja uma discussão permanente junto da
população sobre o que são os produtos portugueses, sobre o que é a produção nacional, sobre o que é
atualmente a agricultura portuguesa, a qual esteve muito esquecida durante demasiados anos e queremos
que esteja na comunicação social de uma forma moderna a atual.
Não é, seguramente, só um problema da rúbrica Minuto Verde. O Minuto Verde está muito bem na
comunicação social e deve continuar. O problema é que a agricultura é muito mais do que isso.
E aproveito para citar uma máxima indígena: «só quando a última árvore for derrubada, o último peixe for
morto e o último rio for poluído é que o homem perceberá que não pode comer dinheiro». Efetivamente, «não
se pode comer dinheiro» e o que queremos é que haja, da parte da população, uma sensibilidade para a
atividade agrícola.
Frequentemente, muitas pessoas dizem que a agricultura não é hoje uma atividade rentável e alguns de
vós já aqui disseram que as pessoas estão abandonar a agricultura. Isso não é verdade! A atividade agrícola
está a ser retomada, está a ser valorizada, está a tornar-se uma atividade económica viável, não só graças ao
trabalho e à intervenção do Governo, seguramente,…
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
… mas também graças ao trabalho dos agricultores e das associações de agricultores, graças à atividade
económica que ela própria gera. Se calhar, muitos de vós gostariam que isso não acontecesse, se calhar,
muitos daqueles que destruíram grande parte da agricultura quando fizeram as unidades coletivas de
produção (UCP), destruindo, assim, uma boa parte da produção nacional.