2 DE FEVEREIRO DE 2013
19
Não sei se reparou, mas o Pais não suporta mais esta política e o senhor não conta já com qualquer
apoio— julgo mesmo que só o banqueiro Ulrich, aquele que acha que ser sem-abrigo é uma forma de
aguentar, é que consegue apoiar o Sr. Primeiro-Ministro.
A verdade é que até agora, o Sr. Primeiro-Ministro, ainda nada nos disse sobre as pessoas e, portanto,
como não precisamos mais de mercados nem mercadores destes, mas precisamos de respostas às pessoas,
peço que nos diga algo de concreto sobre as pessoas e sobre a economia.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, não identifiquei qualquer questão que a Sr.ª Deputada
Catarina Martins me tivesse dirigido, exceto um desfiar de críticas, sob a forma de cumprimento, que a Sr.ª
Deputada dirigiu ao Governo.
Reitero, Sr.ª Deputada, que, em Portugal, só há duas formas de prosseguirmos para futuro: ou cumprimos
os nossos compromissos externos e conseguimos financiamento não oficial para a nossa economia e
estaremos em condições de poder andar pelo nosso pé; ou não o conseguimos fazer.
O Governo está, claramente, do primeiro lado — e não é, com certeza, a pensar nos louros que vai colher;
é, sobretudo, a pensar naquilo que é indispensável para as pessoas concretas em Portugal.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, vamos ver se nos entendemos: o
crescimento era em 2013, mas afinal não é — talvez seja em 2014; a recessão em 2013 é o dobro da que
estava prevista e, com o corte de 4000 milhões de euros, ainda vai ser mais grave.
O Sr. Primeiro-Ministro diz que está tudo muito bem, porque o Governo foi aos mercados. Então, a
pergunta é esta: como é que estes mercados, tão bondosos, garantem o crescimento económico em 2014?
Acho que ainda ninguém percebeu!
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Catarina Martins, pelas mesmas razões que
todos aqueles que fazem, nesta altura, projeções para Portugal apontam para crescimento em 2014. Aqui, o
Governo não reclama para si um mérito especial — aliás, o Banco de Portugal tem exatamente a mesma
posição.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Sr.ª Deputada Catarina Martins, tem a palavra.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, as previsões do Banco de Portugal
não incluem as previsões do corte de 4000 milhões de euros. Portanto, a pergunta mantém-se: como é que
vamos ter crescimento em 2014? É à conta dos bondosos mercados que vão compensar o corte de 4000
milhões? Ainda ninguém percebeu, é tudo uma grande confusão, Sr. Primeiro-Ministro!
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.