I SÉRIE — NÚMERO 49
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Para uma certa oposição, mais à esquerda, isto não significa rigorosamente nada, nada disto interessa. O
que interessa são eleições antecipadas, crise política, o protesto pelo protesto, que conduziu noutros países
ao estado a que conduziu… Portanto, essa é uma posição que os portugueses já julgaram da forma como
julgaram, há um ano e meio, e que, creio, fará o seu caminho, que é o de ninguém dar credibilidade a essa via
que essa esquerda, mais à esquerda, preconiza.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Mas, da parte do maior partido da oposição, o partido que, em nome
de Portugal e enquanto Governo, negociou e assinou o Memorando de Entendimento, a resposta a este facto
— permitam-me adjetivar — foi mais elaborada.
Basicamente, a tese do Partido Socialista é esta: o regresso antecipado aos mercados é positivo, mas não
tanto. E, sendo positivo mas não tanto, nada tem a ver nem com o Governo nem com os portugueses, tem a
ver com o Banco Central Europeu e com as declarações do Sr. Mario Draghi — estou a falar do maior partido
da oposição. Evidentemente, o Sr. Mario Draghi só fez as declarações que fez porque o Partido Socialista e o
Secretário-Geral do Partido Socialista insistiram muito!
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Então, o Sr. Mario Draghi, certamente pressionado, lá veio fazer essas declarações.
Sr. Primeiro-Ministro, é evidente que esta postura não pode colher qualquer tipo de apoio, e não é só da
parte do CDS. Creio que, de alguma forma, até é uma maneira de desonrar o esforço que os portugueses têm
vindo a desempenhar.
Vozes do CDS-PP e do PSD: — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Evidentemente, o mérito está — nunca o negámos e, desde logo, o
Sr. Primeiro-Ministro assinalou-o, e bem — na firmeza com que o Governo sempre disse que iria cumprir
aquilo que outros assinaram em nome de Portugal, o mérito também está, com certeza, numa resposta mais
concreta e mais robusta do Banco Central Europeu, mas o mérito está, sobretudo, nos portugueses que, nas
dificuldades, nos sacrifícios e até no protesto, tiveram enorme sentido de Estado, sentido de País, sentido de
compromisso, sentido de coesão e de consenso social e sentido de resgatar um País que perdeu a sua
soberania há cerca de um ano e meio.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Aqui chegados, Sr. Primeiro-Ministro, gostaria de deixar não uma pergunta mas o seguinte desafio: de
forma pedagógica, agora que se aproxima o final do debate, explique — porque há uma certa esquerda que
teima em não o perceber — a importância de o País ter credibilidade externa, a importância de Portugal ter
regressado aos mercados e em condições que dificilmente muitos previam há um mês atrás, sobretudo na
lógica do que é essencial, que é o financiamento.
Dizem que o financiamento já começa a aparecer — e ainda bem que assim é, digo eu — para as grandes
empresas, como se isso fosse um mal em si. Sr. Ministro, não serão as grandes empresas que permitem que
as pequenas e médias empresas forneçam bens e produtos? Não será através dessa capacidade de
recuperação das grandes empresas que as pequenas e médias empresas podem, paulatinamente, também
começar a recuperar? E não irá o início desse financiamento, dessa libertação de crédito permitir às pequenas
e médias empresas começarem, também elas, a ter crédito?
Sr. Primeiro-Ministro, deixo-lhe este desafio de, paciente e pedagogicamente, tentar explicar isto a uma
certa esquerda que parece, cada vez mais, defender o «quanto melhor, pior». Ora, isso não honra o esforço
dos portugueses, não honra o esforço do País e, sobretudo, em nada contribui para sairmos da situação difícil
em que ainda nos encontramos, e que nunca negámos, com realismo, ao contrário de outras eras que nos
conduziram até aqui.