2 DE FEVEREIRO DE 2013
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O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Em primeiro lugar, quero
registar que, de alguma forma, o tempo de que dispomos é um tempo breve para referir uma figura com a
importância que o Major-General Jaime Neves tem e terá na História de Portugal.
É um tempo breve, mas também é em momentos breves e em momentos decisivos que se revela a ação e
a capacidade de homens como Jaime Neves. Ele esteve, em momentos breves e em momentos decisivos, em
dias concretos, no dia 25 de abril de 1974 e também no dia 25 de novembro de 1975, e a sua ação decisiva
nesses momentos é que faz dele a figura que é e que aqui homenageamos com pesar.
A democracia portuguesa é obviamente o resultado da vontade coletiva de um povo que queria viver em
liberdade — é indiscutivelmente. Mas é também a ação individual de homens de determinação que, em
momentos concretos, fizeram com que essa vontade coletiva de um povo fosse possível e fosse hoje uma
realidade.
Falar de Jaime Neves é falar, como já aqui foi dito, de um grande militar, um grande militar. E de um militar
que foi sempre militar, de um militar que nunca quis ser político — «foi só e sempre militar», como alguém
escrevia esta semana.
Falar de Jaime Neves é falar de uma virtude que não é provavelmente, hoje em dia, a mais popular ou a
que está mais na moda das virtudes: a virtude da bravura, da coragem extrema, da coragem física, da
coragem absoluta que ilustraram este homem.
Falar de Jaime Neves é somar o militar à bravura, e é isso que faz dele um herói — e, obviamente, um
herói da democracia portuguesa.
Um herói, como alguém dizia, não é forçosamente aquele que é mais bravo do que os outros que o
acompanham. Um herói, por vezes, é só aquele que consegue ser mais bravo durante mais alguns minutos,
ou que consegue ser mais bravo no momento decisivo, no momento em que tudo se joga, no momento em
que é preciso estar lá para não ser moldado pela história e para ser ele próprio a moldar a história, como fez
Jaime Neves. Jaime Neves construiu a História de Portugal, naquele momento decisivo.
Não era um homem perfeito, há muitas críticas e nós conhecemo-las. Mas era quem era: um homem
simples, um homem direto, um homem frontal, um militar puro e duro, um homem de extrema bravura e um
homem de extrema coragem.
Diz a divisa do seu Regimento, que aqui homenageamos também, que «A Sorte Protege os Audazes». Os
seus camaradas de armas, quando se despedem de um deles, usam uma expressão que aqui vale a pena
recordar. Os seus camaradas de armas, quando se despedem de um deles, usam a expressão «presente!».
O que nós queremos dizer hoje é que Jaime Neves está presente, está e estará presente na História de
Portugal, que o País não o esquecerá, que nós perdemos agora um grande homem.
Mas se perdemos um grande homem, cabe à História recolhê-lo, cabe à História guardá-lo, cabe à História
guardar o seu exemplo como um exemplo de coragem, de bravura, de determinação, que transmitiremos às
novas gerações de portugueses.
A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção é do Sr. Deputado António Filipe, pelo PCP.
Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Respeitamos os sentimentos de pesar dos
familiares e amigos do Major-General Jaime Neves pelo seu falecimento. Porém, com honestidade, e por
coerência, não nos associamos a homenagens ao Major-General Jaime Neves.
Vozes do PSD e do CDS-PP: — Oh!
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr.ª Presidente, espero que todos os Srs. Deputados tratem este debate
com o respeito com que nós o tratamos.
A Sr.ª Presidente: — Com certeza, Sr. Deputado.
O Sr. António Filipe (PCP): — É que, independentemente do que se possa dizer sobre a participação do
Major-General Jaime Neves no 25 de Abril, no Movimento das Forças Armadas, temos presente que, após os