I SÉRIE — NÚMERO 58
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O que defendemos é a valorização destas competências, para que possam ter a devida credibilidade junto
da sociedade e do tecido empresarial.
Hoje em dia, se permanecermos como estamos, aqueles que invocam essas competências e que,
realmente, as têm, através da sua experiência, veem, muitas vezes, essas mesmas competências não serem
devidamente valorizadas e aqueles que, não as tendo, as invocam, veem isso, claramente, sobrevalorizado,
quando, de facto, não o merecem. O que pretendemos é criar justiça no reconhecimento destas competências,
que pretendem ser sempre supletivas e complementares à formação profissional, à formação académica, e,
com isto, valorizar também o papel daqueles que se entregam à cidadania sem esperar uma remuneração em
troca, que servem o próximo, que servem o ambiente, que servem a sociedade e que ajudam quem mais
precisa.
Esperamos obter um importante consenso nesta matéria, a bem dos portugueses e de Portugal.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Michael Seufert,
do CDS-PP.
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: O projeto de resolução que aqui
trazemos, e saúdo o Partido Socialista por também ter apresentado um projeto que me parece ir perfeitamente
ao encontro do que se pretende aqui discutir, trata fundamentalmente da questão da educação não formal.
Naturalmente, incorremos sempre em alguns erros, quando definimos os conceitos pela negativa, mas, de
algum modo, podemos definir a educação não formal como aquela que ocorre fora do sistema de ensino
formal, passe o pleonasmo, mas que complementa, de alguma maneira, esse ensino formal. Estamos a falar
da aquisição de competências fora do sistema de educação, objetivamente e obviamente, sem ter direito a
qualquer tipo de certificação académica, mas que já existe e, em alguns casos, de facto, dá origem a
certificações de outro tipo.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Não dá equivalências!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — O Programa Juventude em Ação, por exemplo, da União Europeia,
prevê o sistema do Youthpass, que é um sistema de certificação para este tipo de educações.
O Sr. Deputado Duarte Filipe Marques já apresentou aqui as grandes linhas deste projeto de resolução,
mas também é evidente que, quando estamos a falar do mercado de emprego, estamos sempre a falar de
empregadores que valorizam o que bem entendem, e uns valorizam mais determinadas competências e
menos outras. E aqui não se está a falar, nem se poderia estar a falar, de determinado tipo de atividades, fora
do sistema educativo, ser obrigatoriamente considerado pelos empregadores, aliás, mesmo as que se situam
dentro do sistema educativo são valorizadas de forma diferente.
Se houvesse um consenso alargado sobre esta matéria, julgo que poderíamos também avançar aqui no
sentido de a Comissão de Educação pedir ao Conselho Nacional de Educação para avaliar os mecanismos
que já existem em Portugal e na Europa para este tipo de educação, exatamente para determinar como é que
podem ou não ser valorizados pelo legislador, e por esta Câmara, para a obtenção de um sistema que possa
certificar, de uma forma mais rigorosa, como já foi aqui dito, aquilo que é real e aquilo que não é real.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para apresentar o projeto de resolução do Partido Socialista, tem a
palavra o Sr. Deputado Rui Pedro Duarte.
O Sr. Rui Pedro Duarte (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O debate sobre a educação não
formal é um debate que ocorre, há muito tempo, no mundo do associativismo e, desde há alguns anos a esta
parte, tem sido uma realidade prática e madura no mundo das organizações não governamentais, como uma