23 DE FEVEREIRO DE 2013
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É isso que nos propomos uma vez mais fazer, sem demagogia, em defesa da arte xávega e em defesa
daqueles homens e mulheres que se dedicam a esta arte.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Srs. Deputados, não havendo mais inscrições, está concluído o
debate destes projetos de resolução, que serão votados no período regimental de votações, pelas 12 horas.
De seguida, vamos proceder à apreciação conjunta dos projetos de resolução n.os
493/XII (2.ª) —
Recomenda ao Governo que repondere a definição dos limites da zona especial de proteção (ZEP) do Campo
Militar de S. Jorge de Aljubarrota (PS) e 616/XII (2.ª) — Recomenda a valorização integrada do Campo Militar
de São Jorge e a conclusão do respetivo plano de pormenor de salvaguarda (PSD).
Para apresentar o projeto resolução do Partido Socialista, tem a palavra a Sr.ª Deputada Odete João.
A Sr.ª Odete João (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Começo por saudar o Sr. Presidente da
Câmara Municipal de Porto de Mós, o Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Calvaria de Cima e a
Associação de Moradores e Proprietários de São Jorge, presentes nas galerias.
A zona especial de proteção fixada por portaria para a proteção ao monumento do Campo Militar de São
Jorge desde cedo foi alvo de muitas contestações por parte das populações e das autarquias por se entender
que a mesma é excessiva e desproporcionada face aos elementos patrimoniais a proteger.
Não está em causa a preservação e a valorização do Campo Militar de São Jorge nem a salvaguarda e o
significado da batalha de Aljubarrota, mas, sim, a falta de soluções consensuais que potenciam também o
desenvolvimento da comunidade abrangida pela área protegida.
O Partido Socialista considera que o Governo não agiu com equidade e razoabilidade perante os diferentes
interesses em presença, sendo que a ZEP consagrou a prevalência dos interesses privados da Fundação
Batalha de Aljubarrota sobre os dos proprietários, dos moradores, dos trabalhadores e dos agentes
económicos.
O Prof. Gouveia Monteiro, especialista na área e um dos promotores da classificação deste monumento,
não só abandonou o projeto — tal como a sua equipa — como considerou que a Fundação Batalha de
Aljubarrota, em vez de querer preservar o património cultural, pretendia transformar «o campo militar (…) num
parque de diversões de inspiração histórica e Aljubarrota numa simples marca», e apontava a urgência do
equilíbrio das boas relações entre todos os intervenientes.
Outros especialistas vão no mesmo sentido e apresentam reservas quanto à recuperação do contexto
paisagístico original pelo facto de o planalto, onde se encontra o campo militar, estar rasgado pela IC2 e
possuir aglomerados urbanos consolidados que inviabilizam que o espaço Batalha de Aljubarrota seja
visualmente percetível na sua totalidade.
Sr.as
e Srs. Deputados, uma visita ao local é a forma ideal de percebermos e percecionarmos esta
realidade.
Vozes do PS: — Muito bem!
A Sr.ª Odete João (PS): — A zona especial de proteção (ZEP), tal como foi delimitada, vai condicionar o
futuro de uma área de forte dinamismo económico e um dos polos de desenvolvimento mais importantes do
concelho de Porto de Mós. Em causa estão centenas de proprietários, centenas de trabalhadores e dezenas
de empresas com vocação para a exportação e a limitação imposta por esta enorme e desproporcionada área
vai limitar, repito, o direito à propriedade de centenas de proprietários.
A Câmara Municipal de Porto de Mós sempre procurou o diálogo, a Associação de Moradores e
Proprietários de Prédios Sitos na Área de Influência do Campo Militar de São Jorge pugnou pelos direitos dos
seus associados e os eleitos à Assembleia Municipal pelo PS, PSD, e CDU subscreveram uma moção para
que se pondere os limites da área a proteger. Todavia, o Governo não incorporou nenhuma das suas
propostas.