2 DE MARÇO DE 2013
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Só o realismo pode gerar confiança. Quero ser muito claro: com o rumo que o País seguiu por
responsabilidade do Governo, é impossível consolidar as nossas contas públicas em 2015. Precisamos de
mais tempo, e para isso é necessário renegociarmos — renegociação das condições de ajustamento com
metas e prazos credíveis para a redução do défice orçamental e para o pagamento da dívida; renegociação do
alargamento dos prazos de pagamento de parte da dívida pública; renegociação do diferimento do pagamento
de juros nos empréstimos obtidos; renegociação dos juros a pagar pelos empréstimos obtidos. E mais uma
proposta que aqui lanço, de novo: reembolso dos lucros obtidos pelo Banco Central Europeu e pelo Sistema
Europeu de Bancos Centrais nas operações de compra de dívida soberana em Portugal, que este ano podem
trazer uma poupança ao Estado de cerca de 3000 milhões de euros.
Aplausos do PS.
Ao mesmo tempo, é necessário que a União Europeia cumpra a sua parte. Ao contrário de outros
programas de assistência financeira, este é um programa em que Portugal integra uma união económica e
monetária. É fundamental que o Banco Central Europeu detenha todas as competências e todos os
instrumentos, como detém o Banco de Inglaterra, como detém a Reserva Federal norte-americana ou o Banco
do Japão. Só isso poderá ajudar a que possamos diminuir o elevado peso do serviço da dívida que impende
sobre o défice no nosso País.
Quinta e última proposta desta estratégia alternativa: uma agenda para o crescimento e para o emprego,
assente em três prioridades concretas: primeira, captação de investimento estrangeiro; segunda, fomento das
exportações;…
O Sr. Luís Menezes (PS): — Ah!…
O Sr. António José Seguro (PS): — … terceira, um programa de substituição de importações, sobretudo
no setor alimentar, por aumento da produção nacional.
Aplausos do PS.
Estas são as cinco propostas concretas que o Partido Socialista aqui apresenta como alternativa ao
falhanço da política do Governo.
Sr.as
e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: Esta é a última oportunidade que o Governo tem para
mudar de caminho. Repito, Srs. Deputados da maioria e Srs. Membros do Governo, esta é a última
oportunidade que o Governo tem para mudar de caminho. A conjugação do conhecimento do brutal aumento
do desemprego e da quebra da economia no último trimestre de 2012, as previsões negras para este ano do
desemprego e do desempenho negativo da economia em 17 países da União Europeia no último trimestre
atestam a falência da política de austeridade.
O Governo pode continuar a negar a realidade, a negar a evidência, os portugueses é que não a negam. E
o Partido Socialista assume a responsabilidade de, nesta sétima avaliação, dizer com clareza à troica que
basta, que é preciso parar e fazer uma consolidação com outra trajetória!
Aplausos do PS, de pé.
A Sr.ª Presidente: — Ainda nesta fase de abertura, para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Ministro de
Estado e das Finanças.
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças (Vítor Gaspar): — Sr.ª Presidente da Assembleia da República,
Sr.as
e Srs. Deputados: Passada a primeira metade do Programa de Ajustamento Económico, é inequívoco
que a persistência e a determinação dos portugueses na sua execução foram decisivas para o progresso
alcançado. Este progresso é internacionalmente reconhecido, traduzindo-se no apoio político dos nossos
parceiros europeus e no restabelecimento do crédito público.