I SÉRIE — NÚMERO 61
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O Sr. Luís Montenegro (PSD): — … e assim foi caminhando com o aplauso do Deputado António José
Seguro, até chegar ao tempo em que não tinha nem as soluções nem o dinheiro e foi, de mão estendida, pedir
ajuda aos nossos parceiros internacionais.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Hoje assistimos, infelizmente, a uma reprodução disso mesmo. E, modéstia à parte, razão tinha quem, há
15 dias, dizia que o Sr. Deputado António José Seguro estava cada vez mais igual a esse Primeiro-Ministro.
Sr. Ministro das Finanças, é bom que neste debate não se esqueça o ponto de partida, o que motiva o
Programa de Assistência Financeira em que estamos a trabalhar em Portugal. Aliás, o Sr. Deputado António
José Seguro fez algumas diligências nas últimas semanas — legítimas, naturalmente — e recebeu já algumas
respostas.
Por exemplo, escreveu ao FMI e recebeu, na volta do correio, a seguinte resposta: «Como sabe, o objetivo
do envolvimento da troica em Portugal é ajudar a corrigir os erros…» — ou os tropeções, depende da tradução
— «… de políticas que geraram a crise económica e colocar a economia numa rota de crescimento duradouro
que possa gerar os empregos de que as pessoas precisam». E Mais: «O elevado peso da dívida pública e os
constrangimentos financeiros que Portugal vive são as razões que fazem com que o ajustamento fiscal seja
inevitável».
O Sr. Deputado António José Seguro ignorou este facto e parece ignorar que o que estamos a fazer hoje,
em Portugal, tem uma razão de ser, e essa razão de ser foram os erros que cometemos no passado, que
queremos corrigir e não repetir, ao contrário do que parece querer o Partido Socialista.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — É preciso haver investimento, diz-nos. Claro que é preciso haver
crescimento! É preciso haver condições para criar emprego e é preciso tomar algumas medidas para esse
efeito, mas a primeira delas é o equilíbrio nas contas públicas.
Protestos do Deputado do PS João Galamba.
É muito fácil vir proclamar o fim da austeridade. Mas as contas públicas como é que ficam? Voltam ao
desgoverno do passado? É essa a alternativa do Partido Socialista?
Protestos do PS.
É preciso captar investimento, diz-nos. Claro que é preciso captar investimento, por isso foi importante o
percurso que percorremos com vista ao nosso regresso a mercado. Mas o Sr. Deputado António José Seguro
não se referiu a isso, não achou importante o Estado ter acesso a esse financiamento e, também, a economia,
as empresas e o sistema financeiro.
Falou das oportunidades de investimento abertas no quadro europeu, referindo-se, com erro, à execução
do Quadro de Referência Estratégico Nacional, que teve, em 2012, o seu ano de maior execução de sempre,
ignorando esse fator. Mas ignorou, também — e essa é uma lacuna que considero imperdoável da abertura
deste debate —, as reformas estruturais (algumas) que estão em curso e que temos de continuar a fazer no
futuro, nomeadamente a reforma do Estado.
O Sr. José Junqueiro (PS): — Qual reforma do Estado?!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Apresentar uma alternativa para Portugal no futuro, para o período pós-
troica, sem estar disponível para discutir com os partidos políticos que têm assento no Parlamento a reforma
do Estado, é ignorar o que de mais importante pode constar de uma alternativa política para Portugal.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Muito bem!