I SÉRIE — NÚMERO 61
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O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Sr. Ministro das Finanças, posto isto, dir-lhe-ei o seguinte: o Sr. Ministro
disse, e bem, que a saída para a crise é cumprirmos o nosso Programa, é recuperarmos, em 2014, a
capacidade para decidirmos o nosso futuro, sem estarmos condicionados pelos nossos parceiros; é,
naturalmente, apostarmos em políticas de crescimento, termos condições de financiamento à economia,
reformarmos o Estado…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Como é que isso é compatível com a recessão?
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — … e criarmos as condições não só para corrigir os erros dos Governos
anteriores mas, sobretudo, para evitar que, no futuro, possamos cair numa situação igual. Evitar os erros é o
nosso desígnio. Não é, infelizmente, o desígnio do Partido Socialista.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção é do PS.
Tem a palavra o Sr. Deputado António José Seguro.
O Sr. António José Seguro (PS): — Sr.ª Presidente, regressemos à seriedade do debate.
Aplausos do PS.
Vozes do PSD: — Ah!
O Sr. António José Seguro (PS): — O Sr. Ministro das Finanças não reconhece a gravidade da situação
social e económica no nosso País. E não reconhece por várias razões. Primeiro, porque voltou a insistir, da
tribuna, que estamos no rumo certo. Não estamos, Sr. Ministro.
A Sr.ª Elza Pais (PS): — É uma vergonha!
O Sr. António José Seguro (PS): — Segundo, porque o senhor falou dos custos sociais da crise. Não são
os custos sociais da crise, são os custos sociais da vossa política de austeridade, do «custe o que custar».
Aplausos do PS.
É que, se o Governo fizer a conta entre a previsão do desemprego para 2012 e a realidade desse
desemprego, verificará que houve um aumento de 126 000 desempregados. E isso é um custo da vossa
política.
Mas há uma outra evidência: como é possível que, ao fim de 51 dias, o Ministro das Finanças venha dizer
«afinal, a recessão para 2013 não vai ser a que eu tinha previsto, não vai ser a que o Primeiro-Ministro
anunciou, vai ser o dobro»?
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Uma vergonha!
O Sr. António José Seguro (PS): — O dobro, Sr. Ministro?! O dobro da austeridade, com o nível de
desemprego, de pobreza, de falências e de insolvências que temos no nosso País?! Qual é a credibilidade da
vossa política e como é que os senhores podem alguma vez promover o crescimento económico com o
Orçamento com mais austeridade e mais aumento de impostos da história da democracia portuguesa?
Aplausos do PS.
Os senhores erraram, porque a vossa estratégia para sair da crise falhou. E qual era essa estratégia,
tantas vezes enunciada aqui pelo Sr. Primeiro-Ministro?