I SÉRIE — NÚMERO 64
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todas as tentativas de desarticulação das Forças Armadas, que constituem um pilar essencial da democracia e
do Estado democrático.
Aplausos do PS.
Numa mistura explosiva de preconceito ideológico e de incapacidade política, o Governo tem sido uma
fonte permanente de destruição do Estado, de instabilidade das instituições, de enfraquecimento e divisão da
sociedade. Qualquer medida que anuncia é antecedida de uma estratégia de diabolização dos destinatários
dessa medida perante a opinião pública.
Dividir os portugueses, tentando pôr novos contra velhos, funcionários públicos contra trabalhadores das
empresas privadas, empregados contra desempregados, trabalhadores contra patrões, inquilinos contra
senhorios, doentes contra médicos e, agora, civis contra militares, é o contrário do que tem de ser feito,
sobretudo num momento de crise. O País precisa de coesão, não precisa de divisão, necessita de confiança,
não precisa de incerteza.
Aplausos do PS.
Os portugueses não podem ser postos perante dilemas eticamente inaceitáveis e politicamente ilegítimos.
Não podem ser encurralados e obrigados a ter de optar entre saúde e segurança, entre a educação dos filhos
ou a reforma dos pais, entre estar desempregados ou trabalhar por um salário mínimo miserável, entre ter
casa ou comer todos os dias, entre ter presente e não ter futuro ou ter futuro e não ter presente.
Aplausos do PS.
Essas escolhas são imorais e impróprias de uma democracia, destroem, aliás, a democracia e o
sentimento nacional. O Governo tem a obrigação de abandonar esta política de terra queimada, cujas
consequências são o «salve-se quem puder» e o «vale tudo».
Ao Governo não compete agravar a crise, mas, sim, resolvê-la; ao Governo não compete desculpar-se com
o passado, mas, sim, construir o presente e o futuro.
A crise económica, social e política está, cada vez mais, a tornar-se uma crise nacional.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Marcos Perestrello (PS): — Uma crise nacional que, se não for urgentemente evitada, vai
comprometer o nosso futuro e o dos nossos filhos e dos nossos netos, durante décadas.
Hoje, é claro para a esmagadora maioria dos portugueses que o Governo não está à altura desta hora
dramática. Não está à altura nas finanças e na economia, não está à altura na educação e na saúde, não está
à altura na criação de emprego e na proteção social, não está à altura na agricultura e na indústria, não está à
altura na política europeia e, como o debate público do conceito estratégico de defesa tem demonstrado, não
está à altura na política de defesa nacional.
Os portugueses exigem um Governo que defenda o País, que torne o Estado mais eficaz,…
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Marcos Perestrello (PS): — … que crie condições para o crescimento e o emprego, que dê coesão
à sociedade, que oiça e tenha respeito pelas pessoas, que ofereça aos portugueses uma perspetiva de vida
decente. Os portugueses exigem um Governo que conduza o País para fora da crise e que, nessa caminhada,
não deixe uma parte da nação na beira da estrada. Os portugueses exigem, afinal, aquilo de que este Governo
não é capaz.
Aplausos do PS.