18 DE ABRIL DE 2013
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Governo. Desde logo, este não é verdadeiramente um plano estratégico; é, quanto muito, um plano de ação
para os próximos meses, porque é feito para o horizonte de 2015. É, pois, uma estratégia para 20 meses, nem
chega a dois anos.
Depois, os 10 produtos estratégicos apontam como fatores de competitividade para Portugal elementos
que a ação do Governo, deste e de anteriores, se tem encarregado de destruir. Vejam-se os exemplos: no
produto «turismo de natureza», um dos elementos qualificadores do destino é a Coudelaria de Alter, que foi
descaracterizada e fragilizada ao ser transformada em fundação e que vai ser agora desmantelada com a
transferência do seu efetivo.
Outro produto, o «turismo de saúde», exalta o reconhecimento internacional do nosso Serviço Nacional de
Saúde, que ocupa a 12.ª posição no índice dos sistemas nacionais de saúde. Se calhar, era melhor o
Secretário de Estado do Turismo dar uma palavrinha ao Ministro da Saúde, porque ele está empenhado em
destruí-lo e em transferir as suas competências para o negócio da saúde.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Ora bem!
O Sr. João Ramos (PCP): — E no produto «gastronomia e vinhos» esqueceu-se o Governo que promoveu
alterações da fiscalidade neste setor que criaram problemas de tal ordem que foi obrigado a mostrar
preocupação…
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Mas no vinho não!
O Sr. João Ramos (PCP): — … e, então, instituiu no Orçamento do Estado para 2013 a criação de um
grupo de trabalho sobre esta matéria.
Mas ainda pode ser prior, Sr. Deputado Hélder Amaral. O Conselho de Ministros acaba de aprovar um
plano que apresenta, como alguns dos principais produtos da região de Lisboa, as peregrinações a Fátima e o
turismo residencial do Oeste, quando a maioria que suporta o Governo, PSD e CDS, aprovou recentemente
uma lei de reorganização regional de turismo que coloca na Entidade Regional de Turismo do Centro tanto
Fátima como a região Oeste.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Ora bem!
O Sr. João Ramos (PCP): — E isto apesar dos alertas do PCP e da proposta, recusada, para que tal não
acontecesse.
Chamar «estratégico» a um plano para 18 meses já não é um bom princípio, mas sustentá-lo num conjunto
de erros crassos não é um bom orientador para o turismo nacional. A importância que o turismo tem para o
País merecia mais.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Hélder Amaral.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Apesar de intervir no final do
debate, também queria representar o projeto de resolução que apresentamos juntamente com o Partido Social
Democrata.
Do que ouvi, este é o debate mais simples em que já participei nesta Assembleia, porque, entre um Plano
Estratégico do Turismo que se estende por 10, 15, 20 anos, mas que não acerta nenhum dos seus objetivos, e
um Plano Estratégico do Turismo de apenas 2 anos, que é capaz de ser mais realista e de acertar, confesso
que prefiro este último, porventura menos ambicioso e mais realista.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!