1 DE JUNHO DE 2013
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O PS, em sede de discussão na especialidade, teve oportunidade de propor a expurgação deste conceito,
sinalizando ao mesmo tempo que consideraria a sua não aprovação intransponível para a aprovação da
proposta de lei n.º 144/XII (2.ª). A intransigência da maioria rejeitou a proposta do PS. Em conformidade, o PS
não pode deixar de manifestar a sua oposição ao que a proposta de lei consagra.
Os Deputados do PS, Filipe Neto Brandão — Luís Pita Ameixa — Sérgio Sousa Pinto — Isabel Alves
Moreira — Jorge Lacão — Elza Pais — Isabel Oneto.
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O PCP votou contra a presente lei por estar em completo desacordo com o processo legislativo adotado
mas sobretudo por considerar que a lei agora aprovada reincide em opções erradas — e que já anteriormente
o demonstraram ser — em matéria de formação de magistrados.
Depois de ter sido discutida em reunião plenária no dia 22 de maio, a proposta de lei do Governo foi votada
na generalidade no dia 24. Nesse mesmo dia 24 (sexta-feira), por e-mail enviado às 18horas e 47 minutos, foi
fixado o prazo de entrega de propostas de alteração para a segunda-feira seguinte (27 de maio), agendando-
se igualmente a discussão na especialidade para a quarta-feira imediatamente posterior (29 de maio).
Registe-se que inclusivamente os pareceres solicitados ao Conselho Superior da Magistratura e ao
Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais apenas foram distribuídos na segunda-feira, dia 27
de maio, o que ocorreu apenas no dia 11 de junho no caso do parecer da Ordem dos Advogados.
Compreendendo que, apesar de ter demorado vários meses a preparar a proposta, o Governo pretendesse
imprimir à aprovação da lei a maior urgência possível, sobretudo considerando que sem essa aprovação
urgente não se obteria o efeito útil de encurtamento do curso de formação de magistrados que se encontra a
decorrer, o PCP não pode aceitar que a Assembleia da República se coloque no papel de mero tabelião das
propostas legislativas provenientes do Governo, sem dispor sequer do tempo necessário à devida ponderação
da soluções a adotar.
Além disso, e mais importante, trata-se neste caso de uma lei que consagra soluções resultantes de
erradas opções políticas.
As alterações na estrutura orgânica do Centro de Estudos Judiciários (CEJ) não correspondem, de forma
alguma, a opções adotadas visando a resolução de algum problema identificado, antes pelo contrário resultam
tão-só das opções cegas de redução de cargos dirigentes na estrutura do Estado e de entidades públicas.
O mesmo se diga relativamente à imposta degradação dos vencimentos dos auditores de justiça, opção
que apenas pode ser enquadrada na política mais geral de ataque aos salários e remunerações do trabalho
desenvolvida pelo atual Governo e maioria PSD/CDS no cumprimento do pacto celebrado com a troica
FMI/UE/BCE.
Uma vez mais opta-se por «aligeirar» a formação dos auditores (futuros magistrados) como resposta ao
problema de escassez de magistrados. O PCP considera profundamente errada a opção pela antecipação do
final do curso de formação neste momento a decorrer, como considera também errada a opção de
encurtamento da formação estabelecida pelo Governo como forma de resolver a diferenciação entre regimes
de formação em função da via de acesso ao CEJ.
Confirmando-se o erro que constituiu a diferenciação entre regimes de formação consoante os candidatos
acedam ao CEJ pela via académica ou profissional, o PCP entende que a solução para este problema deveria
ser o nivelamento pelo regime mais exigente e não o contrário, como propôs o Governo e aceitou a maioria
PSD/CDS.
Estes são alguns dos aspetos mais negativos da lei aprovada que, infelizmente, remetem para segundo
plano aspetos positivos como a adoção de um modelo de avaliação conjunta pelos formadores ou o ligeiro
alargamento do conceito de avaliação contínua.
A aprovação desta lei em nada contribui para que a resolução do incontornável problema de falta de
credibilidade da justiça aos olhos dos cidadãos, pelo contrário, agrava-o com novos elementos de fragilização
da formação dos magistrados. Por isso o PCP votou contra.
O Deputado do PCP, João Oliveira.