7 DE JUNHO DE 2013
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Dois anos depois, perante o silêncio de toda a gente, finalmente alguém tomou a iniciativa. Isto não é
negativo, é positivo, e como alguém já aqui disse, numa intervenção anterior, mais vale tarde que nunca e
aquilo que ontem parecia mal hoje parece bem. Isso é um sintoma de evolução e não é criticável, a não ser
pela positiva.
No entanto, há muita coisa que se está a pedir que, evidentemente, depende de haver ou não
disponibilidade financeira. Lembro-me de que, não há muitos anos, o PIDDAC era o instrumento favorito para
enganar os algarvios: todos os anos, no Orçamento do Estado, no PIDDAC, vinham orçamentados milhões
para fazer isto, milhões para fazer aquilo, mas nunca apareciam.
Estou a olhar para o Sr. Deputado Miguel Freitas e estou até a lembrar-me da famosa questão, que aqui já
debatemos, do Hospital Central do Algarve, que constava sempre dos Orçamentos do Estado sem nunca ter
sido executado.
O Sr. Miguel Freitas (PS): — Os senhores é que o tiraram de lá!
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Sr. Deputado, promessas, promessas!
Mas há uma coisa que é verdade e que nenhum dos projetos de resolução aborda: de facto, o Algarve é o
distrito do País que tem a maior linha de costa, a mais rica e com mais potencial e isso não é tratado.
Na verdade, o que o Algarve nunca teve até agora, que não é abordado de forma global em nenhum destes
projetos de resolução e que é a raiz do problema é uma visão global da sua costa, uma visão global da sua
gestão. Não se trata de pedir dinheiro para fazer obra aqui, ou para fazer obra ali, ou para fazer obra acolá,
antes disso temos de ter uma visão global da costa e uma visão global da gestão.
Por exemplo, Tavira é um grande centro populacional, tem muitos eleitores; Portimão igualmente, não o
nego, tal como Faro e Olhão; mas a zona do Algarve que tem maior potencial para a náutica de recreio,
relativamente à qual há estudos desde há mais de uma década que apontavam para que mais de 40 000
embarcações lá parariam como ponto natural de passagem do Mediterrâneo para o Atlântico Norte e do
Atlântico Norte para o Mediterrâneo, é o porto da Baleeira, mas nenhum dos senhores falou nisso.
Esse é o investimento estratégico fundamental no Algarve. O porto da Baleeira está feito, só não está feito
o cais para a náutica de recreio de forma a todos esses barcos poderem parar. Mais de 40 000 embarcações
passam ali, é o primeiro ponto de paragem obrigatório na transição do Atlântico Norte para o Mediterrâneo,
mas ninguém aqui falou dele. Mas porquê? Porque Vila do Bispo só tem 2000 ou 3000 eleitores? Ou porque
se esqueceram? Ou porque está lá na ponta? No entanto, este porto é estruturante para a economia do
Algarve e para a economia da região.
O CDS considera, pois, que os diversos projetos de resolução em debate apontam para soluções pontuais
e setoriais no sítio tal ou tal, mas, na verdade, carecem de uma visão global e estratégica para o Algarve.
Nesse sentido, iremos apresentar um documento integrado com essa visão global e estratégica, em que
vamos também questionar o Governo sobre qual o modelo de governação para os portos do Algarve. A partir
daí é que se pode definir, então, quais os investimentos em concreto que se vão fazer ao longo da costa do
Algarve, independentemente de reconhecer — a Sr.ª Deputada Cecília Honório referiu-o, e muito bem (aliás,
foi a única que o fez) — a vergonhosa peça que passou na televisão este fim de semana,…
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — A peça é boa! A realidade é que e vergonhosa!
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — … que mostrou o estado vergonhoso de degradação a que chegaram os
portos do Algarve.
Mas isso só aconteceu porque não existe visão global e estratégica para a administração e a governação
dos portos do Algarve e de toda a costa algarvia. Só quando isso tiver lugar é que vai deixar de haver portos
degradados e situações como a que vimos na televisão.
É isso que vamos defender e que vamos aqui apresentar, esperando a adesão de todos os grupos
parlamentares a esta visão integrada.
Aplausos do CDS-PP.