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11 DE JULHO DE 2013

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caso tal sucedesse), a perda de cerca de metade do poder de compra da esmagadora maioria dos

portugueses? Muito francamente, não consigo entender!

Se queremos discutir a reestruturação, o «não pagamos» ou o rasgar o Memorando, podemos fazê-lo de

forma séria, mas não podemos fingir que é possível ter tudo e o seu contrário:…

Vozes do CDS-PP: — Claro!

A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — … ter todos os benefícios de estar na moeda única e todos os

benefícios de dela sairmos; ter todos os benefícios do financiamento externo e todos os benefícios de dele

sairmos. Isto, Srs. Deputados, muito francamente, não é possível, não é verdade! Tal seria vender uma ilusão,

induzir as pessoas em erro e, numa palavra, enganar as pessoas. E para isso, Srs. Deputados, não contem

connosco!

Aplausos do CDS-PP e do PSD.

A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Cecília Meireles, vou procurar

conseguir uma resposta por parte da Sr.ª Deputada, uma vez que não a consegui obter quando fiz a pergunta

ao PSD.

Antes de mais, não resisto a salientar uma ideia que a Sr.ª Deputada transmitiu na sua intervenção e que

se prende com o facto de experimentar modelos de crescimento diferentes. Ora, isto vindo da boca da maioria

que só tem oferecido recessão ao País, é algo absolutamente extraordinário. A Sr.ª Deputada pode dizer que

são as condições externas, que são as condições do País… Não, Sr.ª Deputada! A Sr.ª Deputada tem que

atender à realidade do País.

Vou repetir: em 2011, o Sr. Primeiro-Ministro dizia que iríamos ter um ano de viragem em 2012. E porquê?

Porque acreditava — ou queria fazer acreditar, pondo as coisas de uma forma mais séria — que, face às

políticas de austeridade, a situação dava uma cambalhota e passávamos a crescer. Pois não foi nada assim!

E, de ano para ano, ia adiando esta luz ao fundo do túnel, que não se vislumbra ainda minimamente. Porquê,

Sr.ª Deputada? Porque estas políticas hediondas de austeridade só levaram a afundar mais o País. Quando é

que os senhores o reconhecem?

A Sr.ª Deputada vai dizer-me que a austeridade tem sido uma coisa magnífica que tem levantado o País?

Não consegue! Isto, se calhar, foi muito para além das vossas próprias expetativas, mas então os senhores

têm de admitir que erraram, que falharam. Façam como o FMI, que disse «calculámos mal». Mas tenho a

dizer-lhe, Sr.ª Deputada, que os portugueses não são ratos de laboratório, por isso não andem a fazer

experimentalismos com o País de uma coisa cujos resultados, ainda por cima, estavam à vista de toda a gente

— ou a Sr.ª Deputada não se lembra de ter ouvido ninguém a denunciar que isto ia acabar neste descalabro?

Ouviu sim, Sr.ª Deputada. Nós fartámo-nos de afirmar essa questão e os senhores sempre a negaram. Hoje, a

realidade está à vista e, agora, ouvimos a maioria dizer «o Governo não pode cair, porque não podemos

desperdiçar estes dois anos de sacrifícios que os portugueses estiveram a fazer». Ó Sr.ª Deputada, tão

desejosos que os portugueses estão de se livrarem destes sacrifícios…

Não se trata de desperdiçar dois anos, antes foram dois anos desperdiçados, Sr.ª Deputada! De facto, para

os modelos de crescimento de que o País precisa, desperdiçámos dois anos, e não temos mais tempo para

desperdiçar.

O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — Não é verdade!

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Para terminar, gostava tanto que a Sr.ª Deputada respondesse a

esta pergunta: de que serve a palavra dada em política? Depois do descalabro destes dois anos e, também,

desta última semana, quem pode mais confiar nos senhores? A palavra do PSD e do CDS vale zero, o que é

uma coisa absolutamente hedionda, Sr.ª Deputada.