11 DE JULHO DE 2013
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Portanto, não pode deixar de parecer um pouco bizarro que se proponha como solução para o problema
atual precisamente a sua causa!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Talvez fosse boa ideia não repetirmos os erros que cometemos,
talvez fosse boa ideia tentarmos modelos de crescimento diferentes, porque se o modelo de crescimento vai
ser despesa pública e consumo, despesa pública e consumo, se calhar vamos acabar exatamente na mesma
situação em que nos encontramos,…
Vozes do CDS-PP: — Pior! Muito pior!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — … porque foi assim que chegámos aqui! É preciso termos
consciência daquilo que fizemos.
Aplausos do CDS-PP.
Mas vamos supor, ainda assim, que a boa solução era aumentar o défice, era aumentar a despesa pública,
sem olhar a mais nada.
Desde logo, convém perceber que aumentar o défice não é propriamente uma decisão unilateral, porque
aumentar o défice implica pedir financiamento, implica pedir dinheiro emprestado, e o dinheiro emprestado tem
este problema: tem de haver alguém disposto a emprestá-lo e, portanto, implica haver, do lado de lá, alguém
que financie.
Ora, entramos aqui num leve problema, porque quando dizemos vamos reestruturar a dívida, vamos
renegociar a dívida, vamos fazer um haircut, na realidade o que estamos a dizer (como, aliás, a Sr.ª Deputada
Cecília Honório bem mencionou), pura e simplesmente, é isto: os senhores emprestaram-nos 100, nós vamos
pagar 70 ou 80; aliás, tanto quanto percebi da proposta do Bloco de Esquerda, é mesmo quantificado: os
senhores emprestaram-nos 100, vamos pagar 50 e, senhores credores, se não se importam, agora
emprestem-nos mais 10 para financiar o défice.
Os senhores acreditam mesmo que há alguém que nos vai emprestar dinheiro?!
Vozes do CDS-PP: — Vai, claro!…
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Há aqui algum Sr. Deputado disposto a emprestar dinheiro a alguém
que lhe paga metade do que lhe emprestou e, ainda assim, aumentar a dívida? Vamos pôr os pés na
realidade: isso não existe!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
Protestos do PCP e do BE.
Custa muito ouvir! Só mesmo na República Checa, quem sabe!…
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Então, vamos à segunda alternativa, a de dizer: nós não temos quem
nos empreste dinheiro, o que, à partida, mostra bem o crédito externo com que Portugal ficaria.
Srs. Deputados, gostaria que me dessem um exemplo de um País, que seja incapaz de se financiar seja de
que modo for — e devo fazer notar que não estou a falar apenas do financiamento do Estado, estou a falar,
sobretudo, do financiamento da economia e das empresas —, um país que tenha zero de crédito externo e
onde se viva bem. Gostava que me dessem um exemplo, porque é isso que os Srs. Deputados estão a propor
para Portugal!
Ainda assim, vamos supor que era possível, muito simplesmente, não pagar juros. Eliminávamos a
despesa dos juros (ou eliminávamos, pelo menos, uma parte da despesa de juros) e como, neste momento,