I SÉRIE — NÚMERO 111
30
Por isso, falemos a sério, olhemos para o problema que existe, ouçamos Carlos Moedas, por exemplo, se
não querem ouvir outras pessoas, mas ouçamos também Manuela Ferreira Leite, oiçamos todas e todos
aqueles economistas, da direita à esquerda, que dizem que esta dívida não é pagável, e se ela não é pagável
tem de ter uma resposta.
A resposta do Bloco de Esquerda é clara: renegociar dívida, ter a certeza que temos capacidade de olhar
para os credores e dizer que há um País que não aceita amputar o seu futuro para pagar a especulação; que
há um País que quer discutir o seu futuro e não o coloca na mão daqueles que especularam sobre a sua
dívida. Mas dizer também, com todas as letras, àqueles que dizem que assinaram o Memorando para resgatar
o País que não há resgate algum no Memorando com a troica.
Vozes do BE: — Exatamente!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — O que há é o empurrar o País para o fundo!
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Termino já Sr.ª Presidente.
Não nos deram a mão, colocaram-nos o pé em cima — é exatamente disso que estamos a falar. Ou
rompemos com isso e temos a voz de dizer na Europa que os países não são ratos de laboratório e têm
pessoas, têm povos e têm voz, ou vamos continuar por este caminho do desastre que o PSD e o CDS sabem
que teremos pela frente.
Termino, Sr.ª Presidente, dizendo o seguinte: a proposta do Bloco de Esquerda é clara, séria, aliás, a única
alternativa em cima da mesa, porque aquela que a maioria nos traz já todos percebemos que não é alternativa
porque não tem saída, não é alternativa porque não tem Governo, por muito recauchutado que ele seja, e não
é alternativa, principalmente, porque não tem povo, e é exatamente por isso que fogem às eleições.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Meireles, que dispõe de
muito pouco tempo de intervenção.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, serei breve e telegráfica.
Sr.as
e Srs. Deputados, pretendo prestar dois esclarecimentos à Câmara que, creio, não diria que tenham
sido mal entendidos; pelo contrário, diria que foram voluntariamente mal interpretados, para utilizar outra
expressão.
O primeiro prende-se com o compromisso do CDS com os pensionistas.
Gostava de dizer ao Sr. Deputado Pedro Filipe Soares que os pensionistas sabem bem que com o CDS
falam diretamente, não precisam de intérpretes…
Risos do BE.
…e, sobretudo, não precisam do Bloco de Esquerda.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — E, em segundo lugar, sabem outra coisa muito importante, sabem
bem quem foi que lutou até às últimas consequências para descongelar as pensões mínimas, sociais e rurais,
e quem tirou esse objetivo. Não foi o Bloco de Esquerda com manifestações e palavras vãs, foi o CDS e foi
esta bancada com atos, com compromissos e com sacrifícios.
Isto significa que os pensionistas, em Portugal, sabem bem a diferença e que o que os protege não são
manifestações, não são palavras, mas, sim, atitudes.