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I SÉRIE — NÚMERO 117

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Bem mais desafiante é a perceção das responsabilidades e das possibilidades por parte de um dos

partidos indispensáveis à governabilidade de Portugal, o Partido Socialista.

Parece-me, com humildade, que o PS não meditou suficientemente sobre o facto de a maioria ter dado

provas de superação de problemas, de compromisso político, de renovação da equipa e de definição de

prioridades.

Terá ainda passado um pouco ao lado do principal partido da oposição a circunstância de o debate do

estado da Nação, primeiro, e de o debate da moção de censura, a seguir, terem sido provas superadas na

legitimação de um Governo, que só o é por ter legitimidade democrática, institucional e eleitoral, e de

confirmação da vontade de cumprir e concluir um acordo internacional, o Memorando de Entendimento, que só

existe, curiosa e dolorosamente, porque o último Governo socialista o pediu.

Talvez tenha ainda acontecido ao maior partido da alternância não aproveitar a iniciativa do Sr. Presidente

da República, que admitia mesmo eleições mais cedo em troca de um compromisso económico e financeiro

mais largo. Ora, o que parece carecer de meditação mais aprofundada é uma perplexidade mas também uma

oportunidade.

É «perplexizante» que o Partido Socialista, porventura obnubilado com a proximidade das eleições

autárquicas, não tenha compreendido que a verdadeira alternativa a este Governo seria um segundo resgate,

quase de certeza piorando as condições de Portugal e estendendo a dependência da troica.

Vozes do PS: — Então, por que é que se demitiu?

O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: — É mesmo dificilmente explicável que o PS, podendo até receber as

eleições como ganho de causa, estivesse tão indisponível para compromissos elaborados com o seu

contributo, que sabe de cor e salteado serem indispensáveis para chegarmos a 2014 finalizando o protetorado

e afiançando a nossa credibilidade como País.

Dito isto, a abertura, com esta moção de confiança, de um novo ciclo político é também uma oportunidade

para o diálogo partidário.

Perguntamos ao maior partido da oposição o seguinte: se não vai haver eleições antecipadas,…

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Vamos ver!…

O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: — … se quando puderam obter eleições antecipadas não estiveram

disponíveis para os compromissos e se, em qualquer caso, eleições antecipadas gerariam um segundo

resgate, mais difícil de gerir por quem se propõe governar, será credível assentar, a partir daqui, toda uma

estratégia política na mera exigência de eleições como resposta a qualquer problema? Ou será mais útil ao

País e aos cidadãos evoluir para uma estratégia de resolução dos problemas a partir de uma lógica de

negociação seletiva e exigente das grandes políticas públicas, dando o contributo indispensável da esquerda

democrática para superar o protetorado, garantir a responsabilidade financeira, aumentar a eficiência da

economia e proteger a coesão social?

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

Naturalmente, o líder do Partido Socialista saberá muito melhor do que quem discursa, mas parece-me

inescapável que há no País uma concordância sensata sobre a necessidade de os três partidos do arco da

governabilidade dialogarem mais, negociarem mais e pactuarem mais.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — O arco da velha política!

O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: — Nada disso se confunde com a eliminação das diferenças entre o

Governo e a oposição; ambos, Governo e oposição, são indispensáveis à vida democrática.

A Sr.ª Teresa Leal Coelho (PSD): — Muito bem!