I SÉRIE — NÚMERO 117
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O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — A maioria sai indiscutivelmente mais coesa e, por isso, terminaria, Sr.ª
Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, deixando aqui, talvez como um dos Deputados mais experientes desta
maioria, uma palavra, a todos e a cada um, a cada uma e a cada um dos Deputados do PSD e do CDS, que
foram essenciais para que a coesão se mantivesse, para que não desistíssemos, para que fôssemos em
frente, particularmente nas pessoas dos líderes parlamentares, Luís Montenegro e Nuno Magalhães.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Abrimos aqui, Sr.as
e Srs. Deputados, um segundo ciclo, mas não ignoramos, ao contrário do que os
senhores gostam de dizer, que existiu um primeiro ciclo, um primeiro ciclo em que chegámos à governação
numa pré-bancarrota, consequência de um défice crónico, um défice que é uma espécie de monumento
nacional, de instituição nacional, ao longo de muitas décadas, o que tem como resultado uma dívida
incomportável, taxas de juro inaceitáveis e, em consequência, a perda total de credibilidade externa.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Estamos pior em tudo!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — A questão central, Srs. Deputados, é que ou resolvemos o problema
financeiro ou não conseguiremos resolver problema nenhum. É uma verdade absoluta! Senão, estaremos
condenados, obviamente, ao desemprego e à limitação de soberania.
Não ignoramos as dificuldades, mas sejamos justos e rigorosos.
Noutro dia, um respeitável ex-ministro, o Dr. Daniel Bessa, dizia: «Tenhamos consciência de que a
austeridade não é uma opção nossa». De facto, assim é, a austeridade não é uma opção nossa nem é uma
opção do País, a austeridade é uma opção que nos foi e é imposta.
No entanto, sejamos justos: este Governo e esta maioria conseguiram realizar uma rutura, e uma rutura
com duas coisas essenciais.
Em primeiro lugar, uma rutura com a política de ilusão, com a política de falsidade, com a política de
promessas, dizendo a verdade e dizendo aos portugueses aquilo que queriam ouvir: há outro caminho, há
outra possibilidade e só se pode pedir confiança se, primeiro, se disser a verdade.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Em segundo lugar, uma rutura com o caminho do endividamento. Conseguiu-se recuperar a credibilidade
externa, reduzir o défice, de 10% para 5,5%, reduzir a despesa primária, de 48% para 43%, e, no meio de tudo
isto, ter sensibilidade social.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Vamos em 127% do PIB!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Houve um primeiro ciclo em relação ao qual nada temos de recuar e
assumimos que podemos não ter chegado sempre onde queríamos, podemos não ter dado sempre os passos
rápidos na direção a que queríamos chegar. Mas, Srs. Deputados, a este propósito, permitam-me recorrer a
uma citação do grande Abraham Lincoln: «posso não ser um caminhante rápido, mas não dou passos para
trás». Nós nem sempre caminhámos tão rápido como gostaríamos, mas a verdade é que também não demos
passos para trás.
Risos do Deputado do PCP João Oliveira.
Agora, abrimos um segundo ciclo. E a que corresponde este segundo ciclo? Corresponde, em primeiro
lugar, ao equilíbrio entre a consolidação financeira, sem a qual não há solução para nada, e o pilar económico,
a aposta na economia; corresponde, por outro lado, a uma postura de exigência, de diálogo exigente com os
nossos parceiros e com os nossos credores; corresponde, ainda, a uma nova visão, a um novo discurso
europeu, a uma lógica europeia de exigência de uma Europa mais solidária, designadamente com os países
que, como Portugal, estão sujeitos a intervenção; corresponde, também, como já aqui foi dito, a uma mudança