I SÉRIE — NÚMERO 117
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que os processos como que adormecem nos serviços, o costume de não decidir a tempo, ignorando que
tempo é dinheiro, ou a proliferação regulamentar e procedimental são fatores que atrasam o investimento e
desanimam o investidor,…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Quando despedirem mais funcionários vai ser mais rápido!…
O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: — … acabando por fazer um enorme favor a outros países que se esforçam
bastante por responder com nitidez e celeridade a quem simplesmente quer investir e criar emprego.
Todos os que já exerceram responsabilidades de Governo se depararam com o desespero de projetos de
investimento que precisam apenas de um sim ou de um não, mas que se arrastam 3, 5, 7, 10 ou até 15 anos
no «complicómetro» do Estado.
Como se verá em breve, o Governo disporá de um mecanismo de aceleração das decisões de
investimento, concreto, projeto a projeto, para beneficiar a economia do País e a criação de emprego em
Portugal. O investidor deve ser tratado como um cliente e o Estado deve cumprir a sua parte com legalidade e
sentido de diligência.
Sublinho, enfim, Sr.ª Presidente, a valorização dos acordos sociais no processo de ajustamento e para
além dele. Muitos, nesta Casa, partilham a admiração pelo modelo de negociação social e de partilha de
responsabilidades entre empregadores e trabalhadores que fez a prosperidade da Europa na segunda metade
do século XX e que ainda fará toda a diferença dos europeus no tempo da globalização.
Se fomos capazes, como País, de atravessar um ciclo duro e prolongado de recessão mantendo o espírito
da concertação social vivo e consequente, por maioria de razão devemos ser capazes de valorizar a
concertação social na transição para um ciclo económico em que os constrangimentos não desaparecem mas
em que podem confirmar-se os ténues frutos do crescimento que atrás mencionei.
Pedir ajuda aos parceiros sociais para concluirmos o período de ajustamento económico e financeiro,
definir uma agenda de futuro, que tanto alicerça o esforço de consolidação em princípios de equidade e
solidariedade como abre a nossa economia a princípios de concorrência e competitividade, saber ouvir e
contar com os parceiros sociais, eis outra nota distintiva do que pode ser, e deve ser, a capacidade portuguesa
de superar uma crise financeira sem precedentes e de superar, como sempre superámos historicamente, uma
crise da soberania nacional e na soberania nacional, que estamos, pelo menos parcialmente, a menos de um
ano de procurar recuperar.
Esse espírito, o espírito de uma só Nação, independentemente das diferenças legítimas, é a marca de
água dos Estados que se fizeram respeitados no mundo. E será a marca de Portugal para superar esta crise.
Aplausos do PSD e do CDS-PP, de pé.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, está concluído o debate. Vamos passar à fase de votação.
Antes de mais, vamos proceder à verificação de quórum, utilizando o sistema eletrónico.
Pausa.
O quadro eletrónico regista 222 presenças, às quais se acrescentam 2, dos Deputados Bruno Vitorino, do
PSD, e José Luís Ferreira, de Os Verdes, perfazendo 224 Deputados, pelo que temos quórum para proceder
às votações.
Vamos, então, proceder à votação da moção de confiança n.º 1/XII (2.ª) — Ao XIX Governo Constitucional.
Submetida à votação, foi aprovada, com votos a favor do PSD e do CDS-PP e votos contra do PS, do PCP,
do BE e de Os Verdes.
Aplausos do PSD e do CDS-PP, de pé.
Está concluída a ordem do dia. Desejo a todos muito boa tarde.
Os meus cumprimentos ao Sr. Primeiro-Ministro e aos Membros do Governo.