I SÉRIE — NÚMERO 8
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A Sr.ª Maria da Conceição Caldeira (PSD): — Ficou claro, ao longo deste processo, que a esquerda não
tem capacidade de fazer opções, não possui visão estratégica, não sabe o que pretende para o serviço público
de rádio e televisão e se recusa a aceitar toda e qualquer mudança na empresa.
A Sr.ª Carla Rodrigues (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Maria da Conceição Caldeira (PSD): — Efetivamente, a diferença reside entre aqueles que querem
que tudo fique na mesma, num caminho que inevitavelmente nos levará à falência da RTP, e aqueles que
querem uma RTP moderna, inovadora, sustentável, que opte por um rumo certo, com o menor custo social
possível.
Nós já fizemos a nossa opção.
Aplausos do PSD e CDS-PP.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Há três meses defendiam o contrário do que vieram dizer!
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr.as
e Srs. Deputados, fica encerrada a discussão deste ponto,
vamos prosseguir com o debate da petição n.º 240/XII (2.ª) — Apresentada por Bruno Miguel Castro Matos
Martins Silva e outros, solicitando à Assembleia da República a alteração do n.º 1 do artigo 151.º da
Constituição da República Portuguesa, de forma a permitir a candidatura de grupos de cidadãos
independentes à Assembleia da República.
Para uma intervenção, tem a palavra o Deputado Luís Pita Ameixa, do Partido Socialista.
O Sr. Luís Pita Ameixa (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Este tema proposto pela petição
carece de uma revisão constitucional, situação em que não se encontra, neste momento, a Assembleia da
República.
No entanto, a nosso ver, a Assembleia deve discutir este tema com atenção e com boa vontade. Aliás, o
Partido Socialista é favorável ao aperfeiçoamento do sistema político e do sistema eleitoral, designadamente
no sentido da aproximação e responsabilização personalizada dos Deputados.
Também achamos que a Assembleia da República deveria promover o maior contacto dos Deputados com
o País e com os cidadãos e que o trabalho dos Deputados deveria ser melhor conhecido para que assim
houvesse menos incompreensão dos cidadãos face aos Deputados e ao trabalho dos Deputados, como
efetivamente ocorre, e isso é uma responsabilidade da própria Assembleia da República fazer.
Do nosso ponto de vista, os partidos políticos também têm de se modernizar, têm de rever a sua postura
perante a sociedade, designadamente com mais trabalho cívico junto dos cidadãos e da sociedade.
As leis eleitorais, atualmente, já admitem a concorrência eleitoral de cidadãos não filiados nos partidos,
através das listas partidárias, tal como os Deputados exercem, nos termos constitucionais, o seu mandato
livremente.
Neste sentido, o Partido Socialista, inovadoramente, já determinou o fim da disciplina partidária do Grupo
Parlamentar, com exceção dos aspetos da governabilidade.
Este tema da governabilidade é realmente muito importante, porque, quando se trata de discutir a
representação, temos de perguntar que as candidaturas dos cidadãos são para representar o quê e para quê.
E uma das funções da representação é justamente a constituição do Governo e a manutenção do Governo de
uma forma coerente.
A governabilidade é, portanto, um aspeto fundamental da representação. E casos de defesa de interesses
particularistas ou localistas, como vimos aqui, na Assembleia da República, há uns anos, o célebre caso do
«queijo limiano», em nada abonam as representações atomísticas.
Da mesma forma, consideramos muito importante a transparência organizativa e programática que ocorre
nos partidos políticos, a questão da fiscalização e da responsabilidade. Os partidos políticos têm formas
próprias de controlo democrático interno e externo que grupos ocasionais não comportam, e esse é um aspeto
de transparência da maior importância.