11 DE OUTUBRO DE 2013
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A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Veja lá o que está a dizer, olhe que fica gravado!
O Sr. Raúl de Almeida (CDS-PP): — Sr.ª Deputada, esse é o primeiro ponto da viabilidade e da projeção
da RTP no futuro.
Portanto, assim se vê quem defende a RTP. Nós defendemos uma RTP sustentável para os portugueses,
pelos portugueses e dos portugueses; os senhores defendem uma coisa que não se entende, estática,
imutável, desadequada e insustentável.
Queremos que o futuro nos dê razão, queremos que a RTP possa evoluir e possa fazer parte da nossa
coletiva.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Carla Cruz.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Começo, obviamente, por saudar a iniciativa
levada a cabo pelos peticionários.
Queria dizer também que, apesar de o objeto desta petição, a privatização do serviço público de rádio e
televisão, estar afastado, pelo menos para já, as ameaças ao serviço público de rádio e televisão continuam
extremamente atuais.
Conheceu-se, ontem, a proposta do Governo para o contrato de concessão de serviço público de rádio e
televisão. Com esta proposta, o Governo prepara-se para desferir mais um rude golpe num dos pilares da
democracia — o serviço público de rádio e televisão.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — A proposta de contrato de concessão de serviço público apresentada confirma
o plano do Governo de desmantelamento e destruição do serviço público de rádio e televisão.
O Governo, não tendo conseguido privatizar a RTP, asfixia-a por via do estrangulamento financeiro. O fim
da indemnização compensatória, violando a Lei n.º 30/2003, relativa às formas de financiamento do serviço
público de rádio e televisão, assim o confirma.
A par das alterações às formas de financiamento, a proposta de contrato de concessão de serviço público
prevê uma alteração substancial na produção própria ou interna da RTP, sendo dito na tal proposta que a
concessionária deve manter um mínimo de meios de produção interna que lhe permita manter a produção de
informação, ao mesmo tempo que é fomentada a externalização da produção.
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: A alteração do modelo de produção da RTP significa que as suas atuais
obrigações de serviço público passarão a ser efetuadas por empresas privadas e externas à RTP. E,
fundamentalmente, confirma-se aquilo que o PCP disse desde que este Governo tomou posse e apresentou
os sucessivos planos para a RTP — a destruição de postos de trabalho, o despedimento de centenas de
trabalhadores, a desregulação dos vínculos laborais e a precarização.
Na apresentação efetuada ontem pelo Sr. Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, o Ministro
insistiu várias vezes que esta proposta incrementa e aposta fortemente na dimensão regional, porém omitiu,
apesar de ter sido questionado por este grupo parlamentar, o que vai acontecer aos centros de produção
regional. É que na proposta ontem entregue não há uma linha sequer que fale dos centros de produção
regional, estando mesmo omissos os centros regionais da RDP do Porto, de Coimbra e de Faro.
O desmantelamento das delegações regionais compromete irremediavelmente o desígnio do serviço
público de rádio como fator de coesão nacional.
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: O PCP não pode deixar de registar a postura lamentável do Governo, mas
ao mesmo tempo reveladora do modo como este Governo trata os trabalhadores em geral e os funcionários
públicos em particular, desrespeitando-os sucessivamente.