19 DE OUTUBRO DE 2013
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Não nos esqueçamos que a última avaliação geral do património atendeu a princípios de simplicidade de
termos e de celeridade do procedimento imposta pelo Governo, ao contrário do que sucedia com a avaliação
direta, sobretudo por um profundo respeito pelas garantias dos contribuintes.
Mas, Srs. Deputados, o que nos espera é trágico, o que nos espera é cruel: a cláusula de salvaguarda
termina em 2014 e a proposta de lei do Orçamento do Estado para 2014 não prevê a prorrogação desta
cláusula!
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Bem lembrado!
O Sr. Ramos Preto (PS): — Segundo informações da imprensa, o Governo pretende apenas a
manutenção da cláusula especial de salvaguarda para os proprietários com rendimentos inferiores a 7000 €
anuais. Porém, da leitura da proposta do Orçamento não se vê em que articulado tal medida esteja prevista de
forma clara e inequívoca. Era, por isso, bom que as bancadas da maioria ou o Governo clarificassem este
particular.
Estamos, assim, confrontados com uma autêntica bomba-relógio para 3,7 milhões de famílias. Não somos
só nós, Partido Socialista, quem o tem afirmado de forma reiterada e nem o temos afirmado isoladamente.
Também a Confederação Portuguesa dos Proprietários considera esta ausência de medida cautelar uma
autêntica brutalidade.
Aplausos do PS.
Sr.as
e Srs. Deputados, segundo o que foi tornado público anteontem, o Governo não pensa prorrogar o
regime de aumentos faseados do IMI. Porquê? Porque tal seria colocar em causa as previsões de 12,6% de
aumento nas receitas de IMI; tal seria colocar em risco o aumento efetivo de receita de 1359 milhões de euros
para 1530 milhões de euros constantes da previsão orçamental.
Tudo isto demonstra uma profunda desconsideração pelos milhares e milhares de proprietários que se
encontram já confrontados com inúmeras dificuldades para suportar, em primeira linha, os seus empréstimos à
habitação, estando alguns a suportar a vida dos seus próprios filhos, que entretanto regressaram a casa.
Face a tudo isto, que respostas nos dão as Sr.as
e os Srs. Deputados do PSD? Até agora nenhumas!
Dizem-nos apenas que se o Governo não quer prorrogar o prazo da cláusula de salvaguarda, pelo menos
que proceda, ouvindo a Associação de Municípios, a uma alteração do Código do IMI, permitindo que os
municípios optem por reduzir a taxa a aplicar em cada ano, tendo em conta o número de membros do
agregado familiar.
Segundo os proponentes, esta iniciativa constitui um incentivo fiscal dirigido às famílias, já
reconhecidamente carenciadas e, por isso, é de toda a justiça que se faça algo por elas.
Sr.as
e Srs. Deputados, sabe-se que o objetivo da receita é relevante, mas, mais importante é a vida de
milhões de cidadãos, para quem a política deve estar orientada e que, por isso, não podem ser votados ao
esquecimento, para não dizer mesmo ao desprezo, que é aquilo que tantos e tantos sentem e exprimem com
frequência.
Aplausos do PS.
Os Srs. Deputados do PSD ou querem uma lei do IMI reformista e gradualista como a de Manuela Ferreira
Leite, ou querem uma lei do IMI que, neste momento, vai para além do aceitável e para além do que é
materialmente humano e suportável, como nos propõe Passos Coelho.
Trata-se de uma lei que, aplicada sem qualquer cláusula de salvaguarda, geral ou especial, provocará um
verdadeiro terramoto na vida de milhares de portugueses que ou são idosos, ou estão desempregados, ou
ainda estão a pagar as suas casas à banca, ou tiveram de acolher, no seio da sua família e do seu lar, os
filhos que ficaram desempregados e que regressaram novamente à casa de seus pais ou de seus avós.
Nós entendemos que não devem persistir no erro, não devem agir com excesso de zelo e devem corrigir
aqui, no Parlamento, esse erro fatal que é, neste momento, o de eliminar, de forma tão radical, as cláusulas de
salvaguarda do regime do IMI.