I SÉRIE — NÚMERO 12
24
Mas, da análise que o PCP faz, importa também salientar que estas propostas em defesa das famílias são
contraditórias com aquilo que se vai votar daqui a uma semana no Orçamento do Estado para 2014. É que,
hoje, o PSD arroga-se defensor das famílias, mas de hoje a uma semana vai votar favoravelmente um
aumento de impostos, designadamente de IRS, de 30%; vai votar um corte de 10% nas prestações sociais,
como no abono de família;…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — … vai votar um corte na escola pública de 600 milhões no acesso à ação social
escolar; vai cortar no Serviço Nacional de Saúde e até, continuando um caminho que tem vindo a fazer,
desmantelar maternidades pelo País fora.
Não há, pois, dúvida nenhuma de que o problema da baixa de natalidade é um problema grave na
sociedade portuguesa, tal como é em outros países europeus, mas sejamos sérios: a baixa de natalidade é
inseparável de uma política económica e social que defende intransigentemente o desemprego, a
precariedade, os baixos salários, os custos insuportáveis no acesso aos equipamentos de apoio à infância, à
educação e à saúde.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Termino, Sr. Presidente, dizendo apenas isto: é inaceitável que uma família que
sobreviva abaixo do limiar de pobreza tenha de pagar numa IPSS, pelo serviço de creche, 40 € para que o seu
filho a frequente. É inaceitável.
Portanto, o que nós entendemos é que quem não quer ver que o problema da baixa de natalidade tem a
ver com políticas económicas e sociais de empobrecimento não quer resolver o problema da baixa de
natalidade. De facto, é isso que o PSD nos traz hoje.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra, para interpelar a Mesa, o Sr. Deputado Pedro Jesus
Marques.
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Sr. Presidente, é, de facto, uma interpelação sobre a condução dos
trabalhos.
Uma vez que o Sr. Deputado Raúl Almeida fez aqui um «número» político relativamente a uma circular que
é desconhecida das bancadas, a bancada do Partido Socialista solicitava que o Sr. Deputado a pudesse
distribuir hoje, porque essa circular tem de confirmar não só a manutenção do n.º 2 do artigo 15.º-O do CIMI,
relativamente a famílias com rendimentos até 500 €/mês, muitas das quais nem sequer têm dinheiro suficiente
para comprar casa, mas também, em relação ao n.º 1, que, no ano de 2014, o IMI de 2014, para todos os
outros milhões de famílias portuguesas, continua a ter cláusula de salvaguarda. É que foi lançado aqui um
engano aos portugueses e, por isso, queremos ver a confirmação de que o IMI de 2014 tem cláusula de
salvaguarda.
Para isso, solicitamos que o Sr. Deputado distribua esta circular e que confirme a manutenção deste n.º 1 e
do respetivo enquadramento legal.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr. Deputado, a interpelação foi à Mesa, mas o destinatário, como
todos percebemos, era o Sr. Deputado Raúl Almeida.
O Sr. Deputado Nuno Magalhães pediu para interpelar a Mesa nos mesmos termos.
Tem a palavra.