I SÉRIE — NÚMERO 12
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A Sr.ª Nilza de Sena (PSD): — Deixem-me dizer que não me espanta, já deixou até de me surpreender,
que as bancadas mais à esquerda se insurjam por tudo e por qualquer coisa. «Somos presos por ter cão e
presos por não ter».
Protestos do Deputado do PS Sérgio Sousa Pinto.
O PCP está em transe desde sempre: enche o peito, grita muito e não compreende que isto não é
caridade, é sensibilidade, que isto não é esmola, é realismo, em face das condições do País e daquilo que é
possível dar neste momento.
O Bloco de Esquerda e o Partido Socialista vieram aqui invocar o momento em que o PSD apresenta estas
propostas. Os senhores sabem, tão bem como eu, que, do ponto de vista procedimental, este agendamento
calhou nesta altura. Foi isso que fez com que esta matéria fosse agendada para hoje.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Calhou?!
A Sr.ª Nilza de Sena (PSD): — Estava marcada há muito tempo e calhou nesta altura.
Deixem-me também dizer que vejo com muita perplexidade a intervenção da Sr.ª Deputada Sónia
Fertuzinhos, a perplexidade é minha e não sua, Sr.ª Deputada. É que, para cúmulo dos cúmulos, o PS apagou
o passado,…
Protestos do PS.
… e apagou o passado, porque não lhe interessa lembrar e porque tem, hoje, nos dois partidos à sua
esquerda, o seu modelo mais radical, mais contestatário, mais imoderado, mas também mais demagogo,
copiando a esquerda e bem sabendo que a cópia fica sempre muito pior do que o original. É isto que temos e
é isto que, nesta discussão, não faz sentido.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Nilza de Sena (PSD): — Por essa razão, vou explicar por que é que esta bancada apresenta estas
propostas. Esta bancada não tem vergonha de cumprir para Portugal o mais difícil programa de ajustamento
financeiro dentro da zona euro, sem deflação da moeda, num quadro de escassa flexibilidade internacional,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — E a sua lengalenga sobre as famílias, na tribuna?!
A Sr.ª Nilza de Sena (PSD): — … e, ainda assim, tem conseguido equilibrar, de forma notável, a balança
de pagamentos, reduzir a dívida externa, aumentar as exportações, melhorar o comportamento empresarial,
inverter a queda do PIB, reganhar a confiança dos consumidores e credibilizar o País externamente.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Afinal, era só mesmo lengalenga!
A Sr.ª Nilza de Sena (PSD): — Por isso mesmo, e mediante este enquadramento, podemos hoje
apresentar estas medidas realistas, que não representam muito no impacto orçamental — é verdade! —, mas
significam muito para as famílias portuguesas.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Nilza de Sena (PSD): — É este o sinal que queremos dar!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
As medidas que propomos também têm de ter estabilidade e não podem ser circunstanciais.