10 DE JANEIRO DE 2014
13
que fazia sentido haver uma retribuição aos cidadãos que cumprem essa função no dia das eleições e que não
ficam nem mais ricos nem mais pobres por isso.
Portanto, é até, de certa forma, apoucar essa função cívica…
O Sr. Secretário de Estado da Administração Interna: — Não, não!
O Sr. António Filipe (PCP): — … vir aqui propor que haja uma redução.
É que, de facto, não é a mesma coisa. Não estamos a falar de subvenções aos partidos; estamos a falar de
uma atenção que o Estado democrático tem relativamente aos cidadãos que asseguram naquele dia essa
tarefa importantíssima, que é garantir o funcionamento regular e sem qualquer problema de todas as
assembleias de voto que é necessário constituir.
Na verdade, esta proposta vem eivada de um espírito que este Governo tem cultivado, que é o de que, no
que se refere aos cidadãos, é necessário cortar, cortar, cortar. Corta-se nas reformas, corta-se nas pensões,
corta-se nos salários, e corta-se também nas pessoas que vão, no dia das eleições, assegurar o
funcionamento das assembleias de voto.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — E eu vou ter de cortar no tempo, Sr. Deputado.
Risos.
Faça favor de concluir.
O Sr. António Filipe (PCP): — E, agora, o Sr. Presidente, naturalmente não com a mesma sanha
persecutória, mas porque, de facto, ultrapassámos o tempo, manda-me calar…
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Isto é gratuito!
O Sr. António Filipe (PCP): — … e eu vou, obviamente, acatar a sua decisão.
Termino, dizendo que nós iremos ponderar o sentido de voto relativamente a esta matéria.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Pita
Ameixa.
O Sr. Luís Pita Ameixa (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Os
membros das mesas eleitorais e os delegados das forças políticas concorrentes garantem o funcionamento do
processo eleitoral numa escala de proximidade que não se deve perder do concreto exercício do direito de
voto.
Os membros das mesas das assembleias e secções de voto, bem como os delegados, são os garantes da
transparência e da fiabilidade do processo.
O povo acredita no sistema eleitoral e este é um valor da maior importância.
A presente proposta de lei vem, com uma medida avulsa, diminuir as gratificações aos membros das
mesas eleitorais. Ora, para nós, o que não se pode perder de vista, em caso algum e por preço algum, é o
superior interesse do funcionamento da democracia e é com esse critério que analisamos a proposta de lei.
O Governo, porém, invoca parâmetros que não apresentou, nem fundamentou, designadamente quanto às
verbas envolvidas — obrigado pelo Regimento a apresentar os dados, não o fez.
Fala, agora, o Sr. Secretário de Estado em 1,4 milhões de euros de poupança. Tal não dá para compensar
a despesa brutal que o Governo gerou nas últimas eleições autárquicas, designadamente a enviar cartas aos
eleitores, onde gastou mais de 5 milhões de euros,…
Protestos do PSD.