13 DE FEVEREIRO DE 2014
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Assim, esperamos que haja espaço para consenso e espaço também para a construção de uma solução
vantajosa para a ordem jurídica e para a qualidade do trabalho político.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O artigo 9.º da Constituição da
República Portuguesa determina as tarefas fundamentais do Estado. A alínea h) designa que cabe ao Estado,
enquanto tarefa fundamental, «promover a igualdade entre homens e mulheres».
No artigo 13.º da Constituição, é afirmado: «Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado,
privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território
de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou
orientação sexual».
Pese embora este princípio da igualdade estar consagrado na Lei Fundamental, a realidade concreta do
País prova que as desigualdades, as discriminações, as diferentes formas de violência persistem e cada vez
de forma mais agravada. O que também torna cada vez mais exigente e insubstituível o papel das
organizações de mulheres e a luta pela igualdade.
A discussão que hoje aqui fazemos sobre os vários projetos acabam também por evidenciar o que na
passada sexta-feira a Subcomissão de Igualdade teve a oportunidade de fazer, e entendemos como
importante, uma audição pública das organizações do Conselho Consultivo da CIG (Comissão para a
Cidadania e a Igualdade de Género) sobre o financiamento e a sustentabilidade das ONG (organização não-
governamental) na promoção da igualdade de género.
O balanço foi feito pelas diferentes organizações, as dificuldades e as desadequações foram registadas e
foram, inclusivamente, apresentadas propostas concretas para resolver estes problemas.
O PCP, desde sempre, alertou para a desvalorização das associações e para o perigo de o financiamento
assentar exclusivamente em fundos comunitários. Aliás, foi exatamente isso que levou a apresentação do
projeto de resolução n.º 422/XII (1.ª), do PCP, alertando para o perigo da exclusividade do financiamento e os
impactos que decorriam destas decisões, colocando em causa o trabalho profundamente meritório das
associações e a importância da sua salvaguarda.
Dizia o PCP que o modelo de financiamento às associações de direito das mulheres, adotado pelos
sucessivos governos, tem criado dificuldades diversas às associações que alicerçam a sua intervenção numa
base voluntária e militante das suas dirigentes e ativistas. Não só por via do Orçamento do Estado, que tem
vindo a ser reduzido, mas também porque o financiamento no âmbito do POPH (Programa Operacional
Potencial Humano) tem vindo a colocar desproporcionadas exigências, sobretudo pela irregularidade dos
fluxos financeiros, facto que tem forçado as associações a assumirem uma parcela elevada de
«autofinanciamento» das atividades dos projetos.
O PCP alerta também para o facto de, felizmente, as alíneas a e b das recomendações do seu projeto de
resolução terem sido contornadas pela associações e pela CIG e ter sido encontrada uma solução.
Contudo, relativamente a um princípio que entendemos fundamental, que é o da participação democrática
das associações na gestão destes fundos, consideramos que muito há a fazer e por isso apresentamos estas
propostas à Assembleia da República.
Quando à proposta do Partido Socialista, recordo que, relativamente ao impacto de género, ao impacto na
vida das mulheres da política seguida por sucessivos governos, aquando do Dia Internacional da Mulher, no
ano passado, o PCP apresentou um projeto de resolução, que foi aprovado e que obrigava exatamente a
perceber o impacto das medidas dos Orçamentos do Estado de 2010, 2011 e 2012 na vida das mulheres e
que esse levantamento ainda não foi feito.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem agora a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Cecília
Honório.