13 DE FEVEREIRO DE 2014
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Não há qualquer referência para a revalidação do título profissional de nadador-salvador, pois sabemos
que no acesso à profissão têm de apresentar determinadas qualidades físicas, nomeadamente prestando
provas onde têm de atingir resultados para poderem ter acesso à profissão.
Por último, a presente proposta de lei consagra, no seu objeto, requisitos de certificação de equipamentos
e instalações. Não existe, no entanto, qualquer orientação regulamentar ou anúncio de emissão de qualquer
portaria que complemente esta lacuna.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as
Secretárias de Estado, Sr.as
e Srs.
Deputados: Nesta discussão, ficou claro que todos consideramos muito importante o trabalho dos nadadores-
salvadores. É óbvio! Ninguém na sociedade portuguesa diria o contrário.
Portanto, face à importância, à relevância, à imprescindibilidade do seu trabalho com vista à segurança nas
praias, há uma coisa que importa desde logo assegurar, que é a de que os nadadores estão nas praias a fazer
vigilância, não estão nas praias a fazer outros trabalhos para os concessionários. Esta é uma questão que
importa ficar vincada!
Mas há outra questão que deve ser referida, e aí é que se começa a gerar o desentendimento entre nós: os
grupos parlamentares asseguram que nas praias vigiadas por nadadores-salvadores, concessionadas —
porque uma coisa está dependente da outra —, há menos mortes do que nas praias que não são vigiadas. E
estas praias não são vigiadas porque não estão concessionadas. Ora, a Assembleia da República e a Sr.ª
Secretária de Estado Adjunta do Ministro da Defesa Nacional passarem ao lado desta realidade, desculpem,
mas é uma coisa perfeitamente impensável.
Então se já percebemos que a presença dos nadadores-salvadores nas praias traz eficácia à salvaguarda
das vidas humanas, temos de fazer alguma coisa relativamente às praias que não estão vigiadas, porque têm
de passar a estar vigiadas!
Esta minha indignação é tanto maior porquanto em 2003 Os Verdes apresentaram um projeto de lei na
Assembleia da República que visava justamente desvincular a contratação dos nadadores-salvadores dos
concessionários. E, pasme-se, Sr.ª Secretária de Estado, esse projeto de lei foi aprovado! Havia também uma
iniciativa da maioria, fundiram-se os dois diplomas e foram aprovados!
O que é que aconteceu? Essa deve ter sido, historicamente, a lei que menos tempo conseguiu vigorar.
Nem foi aplicada! Porquê? Porque veio, entretanto, o Governo do PS, que imediatamente se deve ter
assustado com aquilo que viu na letra da lei e deve ter pensado: «O que é que aqueles Deputados do PS
andaram a fazer?» E, imediatamente, deu-se uma coisa inédita: através de um decreto-lei, o Governo revogou
uma lei da Assembleia da República que tinha sido aprovada nesta Casa! E era uma lei relevantíssima para
salvar vidas nas praias que hoje não estão vigiadas e que estariam vigiadas se aquela lei estivesse em vigor!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem lembrado!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Isto é uma coisa absolutamente inacreditável! Damos passos de
caracol! Esta proposta de lei que o Governo aqui vem apresentar traduz-se num passo de caracol.
O alerta que Os Verdes hoje querem deixar é o seguinte: se temos todos a consciência de que há praias
que não estão vigiadas e que a vinculação da contratação dos nadadores-salvadores aos concessionários faz
com que haja praias que não estão vigiadas e que são frequentadas por banhistas, temos de fazer alguma
coisa! Os Verdes, a breve prazo, apresentarão uma iniciativa nesta Assembleia para que o problema se
resolva de uma vez por todas!
Aplausos do PCP.