I SÉRIE — NÚMERO 67
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Srs. Deputados, há três anos, o PCP afirmou a renegociação da dívida nos seus prazos, juros e montantes
como alternativa ao pacto de agressão e submissão e a situação em que o País se encontra poderia ter sido
evitada.
Hoje dizemos que quanto mais tarde de realizar essa renegociação pior serão as suas condições e mais
pesados serão os custos da destruição que prossegue.
A cada dia que passa a nossa vida anda para trás e quantos mais dias sem a renegociação mais será o
caminho perdido.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Srs. Deputados, 40 anos depois de Abril, os grandes grupos económicos e
os monopólios estão mais perto de obter de volta os privilégios à custa da destruição dos direitos que foram
conquistados com a Revolução.
Se em condições mais duras os conquistámos, não será agora que desistiremos de os defender.
No trabalho e na luta, os portugueses procuram reerguer o País da miséria e da recessão, enquanto o
Governo e os grupos económicos não lhes tiram o pé de cima. Mas é com trabalho e luta que os portugueses
estão a criar, passo a passo, a alternativa política que o PCP afirma como necessária, que ponha fim à
submissão, liberte o País da dependência, valorize o trabalho e as pessoas e que, por isso, é uma alternativa
patriótica e de esquerda. A Pátria da direita, Sr. Vice-Primeiro-Ministro, é a dos banqueiros, agiotas e
mercados financeiros; a nossa é a do bem-estar do nosso povo, a sua vida e os seus direitos.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — O Sr. Deputado Pedro Lynce inscreveu-se para pedir
esclarecimentos mas o orador já não dispõe de tempo para responder, a menos que o Sr. Deputado Pedro
Lynce queira distribuir algum tempo do PSD…
O Sr. Pedro Lynce (PSD): — Não, Sr. Presidente. Farei uma pequena intervenção.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Tem, então, a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Lynce (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Sr.
Deputado Miguel Tiago, ouvi atentamente as suas palavras, com um conteúdo velho e já bem conhecido,
caracterizado pela ausência de medidas consequentes, contrariando, deste modo, a postura coerente a que o
seu partido nos habituou.
Face à agressividade utilizada perante os nossos credores, confesso, sinceramente, que estive à espera
que, finalmente, o PCP anunciasse que iria apresentar-se às eleições europeias defendendo a saída de
Portugal da União Europeia e da zona euro,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — É falso!
O Sr. Pedro Lynce (PSD): — … em consonância com as afirmações do vosso cabeça de lista, quando diz:
«É hoje evidente que a integração de Portugal na União Económica e Monetária e a adesão ao euro foram
decisões erradas,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Pois, é verdade!
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Esta é uma citação!
O Sr. Pedro Lynce (PSD): — … com consequências devastadoras para o nosso País. Como é evidente, o
futuro do País é inviável dentro do euro» — João Ferreira.