29 DE MARÇO DE 2014
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e houve mesmo, ao contrário do que ontem foi sido dito à saída da reunião do Conselho de Ministros. Houve
mesmo um briefing e foi um secretário de Estado que lançou para a comunicação social aquelas que são as
ideias que o Governo quer levar por diante.
Ao mesmo tempo, estava aqui o líder da bancada parlamentar da maioria a dizer o que é que o Governo já
quer fazer, também, aos salários da Administração Pública. Por isso, sabemos bem o que é a troica e o que é
o pós-troica. Basta olhar para as palavras. Afinal, o que separa a troica do pós troica são mais uns pozinhos
de austeridade que vêm a seguir, porque os cortes, esses, o Governo garante que estão cá para ficar.
E é porque não aceitamos essa escolha, porque consideramos que isso não é inevitável, que propusemos
a alternativa, a alternativa que defende as pessoas mas ataca os especuladores. Por isso, juntamos a nossa
voz àquele que, agora, é o clamor nacional…
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Clamor nacional onde?!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — … de reestruturação da dívida pública, de retirar da finança aquela que
é a possibilidade de crescimento do País, de retirar dos especuladores o garrote que fazem à vida das
pessoas.
Com toda a responsabilidade, dizemos que temos uma alternativa. Sabemos bem que não é a alternativa
do Governo, porque esse não tem uma única alternativa que não a austeridade, é alternativa daqueles que se
levantam por um país e que dizem que não querem mais 20 anos como os três que viveram agora. Essa é a
escolha de quem não tem ideias para lá da austeridade, para lá dos cortes e essa é a escolha que hoje o
Governo não quis discutir, que hoje o Governo pretendeu esconder.
Por isso, da parte do Bloco de Esquerda, existe toda a frontalidade, toda a política olhos nos olhos, toda a
crítica. Não aceitamos mais 20 anos a empobrecer, a cortar salários, a cortar pensões. Não aceitamos isso
para pagar a dívida aos especuladores. Os trabalhadores, os pensionistas, os jovens, aqueles que querem
viver em Portugal, não aceitam pagar com as suas vidas para o gozo da finança.
Aplausos do BE.
Entretanto, reassumiu a presidência a Presidente, Maria da Assunção Esteves.
A Sr.ª Presidente: — Para encerrar o debate, tem a palavra o Sr. Vice-Primeiro-Ministro.
O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Se bem me lembro do que é a
praxe da Casa em matéria de interpelações, e eu faço parte daqueles que se orgulham de ser eleitos para o
Parlamento de Portugal, o risco das interpelações é que não basta dizer o que não se quer, é preciso dizer
como é que se faria diferente e melhor.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Desse ponto de vista, creio que os Deputados do Bloco de Esquerda, embora tenham colocado problemas
interessantes, evidentemente, não ofereceram nenhuma solução razoável.
Diria até mais: o Bloco de Esquerda anunciou hoje que denunciaria unilateralmente o tratado orçamental.
Vozes do CDS-PP: — Exatamente!
O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: — Ora, Srs. Deputados, lendo o vosso texto, isso significa uma evolução
que devemos ter em conta. Muitas vezes diz-se, à esquerda, que há consenso à esquerda e os senhores
dificultaram muito a vossa vida a partir de hoje.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!