12 DE ABRIL DE 2014
19
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Tem a palavra, para um pedido de esclarecimento, a Sr.ª Deputada
Heloísa Apolónia, de Os Verdes.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, depois de ouvir a sua intervenção, é
preciso perguntar-lhe o que é que entende por desigualdades, o que é que isso significa para o Sr. Ministro,
porque o INE diz que as desigualdades, em Portugal, aumentam e o Sr. Ministro veio aqui dizer que as
desigualdades, em Portugal, diminuem.
Mas como nós, entretanto, conhecemos — este Governo deu-o a conhecer — um novo léxico que ninguém
conhecia em Portugal, preciso de lhe perguntar o que significam «desigualdades» ou «igualdades» — como
preferir —, porque «irrevogável», para este Governo, passou a significar «muda-se já, daqui a bocado»;
«transitório» passou a significar «duradouro» e, quem sabe até, «definitivo», e presumo, Sr. Ministro, mas dir-
me-á, que «igualdade» significará, para este Governo, que os ricos estão mais ricos e que os pobres estão
mais pobres. Será? Isto é um absoluto escândalo!
E quem o ouve, na sua intervenção, há de perguntar-se: mas como é que é possível a pobreza estar a
aumentar em Portugal se o Ministro traz um rol, que já repetiu 500 vezes na Assembleia da República, de
medidas para combater a pobreza?! Lamento dizer-lhe mas esse rol de medidas não dá resultado, porque no
País que este Governo — diria mesmo — desgoverna a pobreza aumenta: 2 milhões de pobres acontecem
naquele País que o Governo diz que está melhor, naquele País onde o Governo diz que, ele próprio, tem
sensibilidade social. Os números desmentem isto, a realidade desmente-o.
Há uma coisa interessante na sua intervenção, com a qual quero dizer que estou em absoluto acordo, que
é quando o Sr. Ministro diz que uma política de rendimentos é fundamental para combater a pobreza; só que
depois, no seu discurso, «a bota não bate com a perdigota».
Então, Sr. Ministro, já que faz essa afirmação, gostaria que me dissesse como vai ser possível que o
Governo aceite que mais de metade dos desempregados não receba subsídio de desemprego ou qualquer
outro apoio social? Como é que é possível, se a política de rendimentos é fundamental para combater a
pobreza? E como é possível, Sr. Ministro, que então, nessa lógica de política de rendimentos, os
trabalhadores portugueses, aqueles que estão a trabalhar, empobreçam? Como é possível explicar isto?
De facto, o que está a acontecer é que os senhores estão a destruir postos de trabalho para criar postos de
exploração — essa é que é a verdadeira realidade. A política dos baixos salários é a vossa política central.
Então, Sr. Ministro, é preciso perguntar: que política salarial têm os senhores para combater a pobreza, já que
o senhor acha que a política de rendimentos é fundamental para a combater?
Acontece, Sr. Ministro, que o Governo não tem dado absolutamente nada esse sinal, porque o que tem
acontecido é corte, corte, corte nos salários e nas pensões. Como é que é possível, Sr. Ministro?!
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Tem a palavra a Sr.ª Idália Serrão, do PS, para um pedido de
esclarecimento.
A Sr.ª Idália Salvador Serrão (PS): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, o senhor veio falar na deficiência como
sendo objeto de grande incremento e de grande atenção por parte deste Governo.
O Sr. Ministro saberá, certamente, que a múltipla discriminação de que são objeto as pessoas e as
crianças com deficiência agrava o seu risco de pobreza. É um facto que há cortes no subsídio de educação
especial a crianças com deficiência, algumas delas com deficiências e incapacidades permanentes, a quem os
senhores dizem que não necessitam de terapias.
Sr. Ministro, isto é mais um ataque às famílias. O Sr. Ministro pode dizer que é muito amigo das famílias. O
Governo até pode ser amigo do FMI, da troica, dos mercados, mas não é amigo das famílias. O que lhe
podemos dizer, Sr. Ministro, é que os senhores têm feito muito mal às famílias portuguesas.
E há uma coisa que os senhores têm certo: é que fazem isto tudo não só porque querem ir orgulhosamente
além da troica mas porque querem retirar apoios às famílias portuguesas com o grande objetivo político do
corte.