I SÉRIE — NÚMERO 73
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O problema não é só o corte nas rubricas em que os senhores, deliberadamente, acham que devem cortar.
O problema é que os senhores também não se entendem sobre o apoio às famílias nem se entendem sobre o
subsídio de educação especial.
Sr. Ministro, a segurança social veio dizer-nos que quem tem a última palavra na avaliação sobre o
subsídio de educação especial são os serviços da segurança social. Mas o que se passa é que as escolas é
que passaram a fazer esta avaliação e transformaram-na num ato administrativo. Retiraram aos médicos a
avaliação e usurparam-lhes as funções e enganam, assim, as famílias.
Mas, Sr. Ministro, no Governo, os senhores também não se entendem sobre esta matéria. No último
debate, o Sr. Primeiro-Ministro veio aqui dizer que quem avalia as crianças são os técnicos de ensino especial,
mas o Sr. Ministro Mota Soares já diz que tem de haver pessoas para certificar clinicamente estas crianças. O
Sr. Secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social, que está sentado ao seu lado, diz que só
têm apoio as crianças que têm certificação dada por um médico especialista e o Ministro Crato vem dizer que
nada disto é da sua responsabilidade.
Afinal, Sr. Ministro, em que é que ficamos? Afinal, Sr. Ministro, por que é que estas crianças não têm
apoio?
E o senhor escusa de me responder com o Protocolo de Lisboa. Que protocolo é este? Onde é que está a
sua avaliação? Que variáveis é que avaliaram? Em que consistem estas variáveis? É este o vosso apoio às
crianças com deficiência, cujo risco de pobreza e cuja situação de pobreza se tem vindo a agravar?!
Já agora, Sr. Ministro, só para terminar, porque o senhor «enche a boca», se me permite a expressão, com
o seu Programa de Emergência Social, diria que nunca o vimos, mas já lho pedimos várias vezes! Quais são
os objetivos? Quais são as metas? Quem são os responsáveis pela execução das medidas? Por isso é que
vai esta confusão toda.
Sr. Ministro, onde é que está a avaliação? Pode haver muito boa vontade, pode ser tudo uma grande
conversa que os senhores nos vêm fazer, mas os senhores não só não se entendem como a vossa política é a
política do corte, e por isso é que as famílias portuguesas estão a ver o seu risco de pobreza agravado e
estão, efetivamente, em situação de pobreza.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para responder a este conjunto de questões, tem a palavra o Sr.
Ministro Pedro Mota Soares.
O Sr. Ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social: — Sr. Presidente, vou tentar respeitar o
tempo que tenho disponível.
Relativamente à pergunta da Sr.ª Deputada Rita Rato, no que diz respeito ao RSI, a que a Sr.ª Deputada
chamou de rendimento mínimo, gostaria de lhe dar duas notas.
Algumas das reformas que o Governo fez serviram exatamente para «separar o trigo do joio». Sabemos
que há quem precise deste apoio do Estado por via do rendimento social de inserção, mas também sabemos
que existiam muitas pessoas que abusavam desta prestação e que contornavam esta prestação em esquemas
de fraude.
Sr.ª Deputada Rita Rato, gostaria de lhe chamar a atenção para o facto de, em 2004, ainda o País não
estava em retração económica, o número de beneficiários desta prestação ter disparado. O número de
beneficiários, em 2004, era de 84 000 e, em 2010, apenas seis anos depois, até com crescimento económico,
o número de beneficiários chegou a ultrapassar os 520 000.
Entretanto — e até é importante dizê-lo —, em 2010, pela mão do Partido Socialista e depois, já em 2012,
pela mão deste Governo, foi criado um conjunto de regras que promovem a atribuição com justiça desta
prestação e que, acima de tudo, combatem o abuso e a fraude a que o rendimento mínimo era permeável,
impondo uma nova condição de recursos.
É por uma questão de justiça social, Sr.ª Deputada, que um beneficiário do rendimento social de inserção
não poderá ter depósitos bancários superiores a 25 000 euros, não poderá ter carros de valor superior a 25
000 euros, não poderá estar, por exemplo, em prisão preventiva e receber este apoio, e tem de cumprir um