15 DE MAIO DE 2014
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O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Portanto, Sr.ª Deputada Conceição Pereira, podemos ter esse discurso mas
são palavras vãs quando, na prática, nos atos, votamos a favor de orçamentos do Estado que condenam as
artes ao definhamento ou, pelo menos, a sua vertente profissional.
Sr. Presidente e Srs. Deputados, o apoio direto às artes em Portugal sofreu, de facto, um corte de 75%…
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — … e foi por isso mesmo que o PCP, logo após o Orçamento do Estado e
também em março, voltou a propor que seja redefinido o quadro legal e o quadro orçamental em que são
realizados estes concursos.
Se é verdade e se são justas as questões que A Barraca aqui coloca, é igualmente justo, e temos de
colocar aqui esta questão, dizer que o problema não está apenas no critério técnico, não está apenas na forma
técnica como é traçado. Na verdade, estamos abaixo do limiar orçamental mínimo para assegurar a justiça.
Sr. Presidente e Srs. Deputados, não pode haver justiça quando se distribuem migalhas.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Inês Teotónio
Pereira.
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Começo por saudar os
peticionários por esta iniciativa e aproveito para realçar a relevância cultural que o grupo de teatro A Barraca
tem no sector teatral. Este é, de resto, o ponto de partida para abordar este debate: o que está aqui em causa
não são os méritos artísticos de A Barraca,…
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — … nem sequer se trata de proceder a uma avaliação à
instituição em si. O que está em causa neste debate é, tão-somente, um concurso de financiamento às artes,
com regras e critérios devidamente anunciados e cujo resultado final este grupo de teatro contestou. Esta
petição traz o assunto a esta Câmara e, a nosso ver, fá-lo sem razão, por dois principais motivos.
Em primeiro lugar, porque a candidatura de A Barraca foi devidamente apreciada em diferentes fases do
processo, tendo A Barraca recorrido por duas ocasiões, em sede de audiência de interessados. Ora, a
avaliação foi realizada por um júri de peritos e os seus resultados são claros.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Isso é burocracia!
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — Apesar do mérito da candidatura, algumas insuficiências foram
identificadas e pesaram nas pontuações.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Isto não é um recurso hierárquico!
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — Foi por isso, e não por qualquer outra razão, que foram
atribuídos cerca de 200 000 € ao grupo de teatro A Barraca, até 2016, que os peticionários contestam.
Em segundo lugar, importa referir que os peticionários não têm razão porque, no texto da petição, utilizam
o historial de A Barraca como argumento de força. Aqui, nem sequer há espaço para interpretações: o
historial, tanto em termos de mérito artístico como em termos de gestão das atividades, não é considerado no
quadro normativo para efeitos de avaliação. Ou seja, todas as candidaturas foram avaliadas tendo apenas em
conta o mérito das atividades que constam no programa,…
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Não é verdade!