I SÉRIE — NÚMERO 86
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O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — É verdade, é!
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — … e a candidatura de A Barraca não foi exceção, nem podia
ser.
Salientados estes dois pontos e colocada a questão nos seus devidos termos, não podemos deixar de
lamentar a politização deste debate. Lamentamo-lo em particular no caso dos peticionários, que optaram pela
acusação de afirmar que o Governo optou deliberadamente…
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Não, foi sem querer!…
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — … por reduzir o financiamento de A Barraca para levar ao seu
encerramento. Ora, no nosso entender, isto é incompreensível quando os critérios são objetivos e o processo
é claríssimo.
Refira-se, por fim, que também discordamos da iniciativa aqui apresentada pelo Bloco de Esquerda. Não
vemos motivo para o reforço das verbas no âmbito destes concursos, até porque o Governo decidiu reforçar a
verba para os apoios ao teatro com cerca de 1,7 milhões de euros…
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — É mentira!
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — … e não há, por isso, qualquer motivo para o lançamento de
um novo concurso.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, em primeiro lugar, em
nome do Grupo Parlamentar de Os Verdes, quero saudar todos os peticionários e dizer que, de duas, uma: ou
se entende que a cultura é importante e imprescindível ou não se entende. Nada mais claro do que isto!
Ora, quem reduz, por exemplo, a educação a saber ler, escrever e contar é normal que não atribua
relevância alguma à cultura e não entenda a importância da fruição cultural. Há quem entenda que é
importante democratizar e alargar o acesso à cultura a todos e há quem entenda que é importante uma cultura
de elite, e é a cultura de elite que esta maioria defende, só para alguns.
Mas, Sr.as
e Srs. Deputados, isto é uma visão perigosa do mundo, porque a cultura educa, a cultura forma,
a cultura faz despertar e dela nascem consciências; ela alerta, ela incomoda e, por isso, Sr.as
e Srs.
Deputados, as sociedades precisam de cultura para viverem de corpo inteiro.
Então, como é que se reflete esta negação da cultura por parte deste Governo? Através daquilo que já aqui
foi referido: os cortes brutais no apoio às artes.
Assim, o que estes peticionários vêm dizer à Assembleia da República é que o grupo de teatro A Barraca
sente na pele esta injustiça. Trata-se de um grupo de referência, como aqui foi referido, que democratiza a
cultura e a criação artística. Trata-se de um grupo reconhecido, como aqui foi referido, que diz que se pode
perder neste caminho. É isto que os peticionários vêm dizer à Assembleia da República e, portanto, estes
méritos artísticos de que falaram podem perder-se pelo caminho e é importante ter consciência disso.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Termino, Sr. Presidente,
Quero ainda dizer que abominamos aquilo que foi dito pela maioria e que, foi face a toda esta referência,
dizerem: «desenrasquem-se». Foi esta a conclusão.