I SÉRIE — NÚMERO 94
48
Desde a primeira PPP lançada em Portugal com a Ponte Vasco da Gama, até às lançadas pelo último
Governo do PS, as consequências foram sempre as mesmas. A Unidade Técnica de Acompanhamento de
Projetos (UTAP) estima que Portugal terá encargos com as atuais PPP durante os próximos 30 anos e que
nos anos mais próximos os encargos anuais com as PPP sejam superiores a 1000 milhões de euros.
Esta é uma consequência do modelo PPP: os prejuízos e encargos avultados para o Estado, enquanto que
para os privados vão as rendas e os riscos zero.
O projeto de resolução do PS parece querer abrir caminho à contratualização futura de novas PPP,
insistindo nos mesmos erros do passado e num modelo que nos últimos 20 anos já provou ser ruinoso para o
Estado.
O Bloco de Esquerda considera que a solução responsável e fundamental para o País é assumir-se que o
modelo PPP é um péssimo modelo e que, por isso, Portugal não deve regressar ao mesmo.
A solução não é branquear o modelo, mas sim renegá-lo, reconhecendo-se que ele apenas lesa o interesse
público para beneficiar interesses de alguns grupos privados.
As Deputadas e os Deputados do Bloco de Esquerda, Mariana Aiveca — Cecília Honório — Mariana
Mortágua — Catarina Martins — Helena Pinto — João Semedo — Luís Fazenda — Pedro Filipe Soares.
———
Relativa ao projeto resolução n.º 1055/XII (3.ª):
O Bloco de Esquerda coloca a discussão na Assembleia da República matéria já tratada e resolvida pelo
município de Cascais em devido tempo. Na realidade, e sendo autarca em Cascais na data da sua discussão
em Comissão e votação em Plenário, não posso deixar de apresentar esta declaração de voto, para que a
memória não se perca.
O que propõe o Bloco de Esquerda? Propõe ao Governo a abertura de um processo de classificação do
património histórico da Quinta dos Ingleses. Ora, dá-se o caso de todo o texto do presente projeto de
resolução se basear em informações não reais e desprovidas de qualquer adesão à realidade.
Afirma o Bloco de Esquerda que se encontra em discussão pública um Plano de Pormenor do Espaço de
Restruturação Urbanística de Carcavelos Sul. Cumpre clarificar que tal já não era verdade na data em que o
Bloco de Esquerda apresentou este projeto. De facto é preciso ter azar, é preciso ter falta de noção da
realidade. O Bloco chega tarde a uma discussão que tem 53 anos de existência e chega quando tudo já está
discutido e aprovado para, finalmente, tomar posição!
Sempre se pode dizer «antes tarde que nunca», mas o problema é que o Bloco de Esquerda acorda tarde
e mal informado, assim revelando falta de preparação e de cuidado na análise dos factos.
E que factos são esses? O Bloco de Esquerda quer classificar o que já está classificado, quer discutir o que
já foi discutido e quer resolver o que já está resolvido!
Teriam poupado trabalho a esta Assembleia se tivessem pesquisado a realidade e não ficado pela espuma
dos dias. Na realidade, o que esta proposta visa é coisa nenhuma, pois já em 1989 foi aprovada uma
resolução municipal para a classificação da Quinta dos Ingleses; em 1994 o IPPAR, sob proposta do seu
conselho consultivo, determinou a abertura do processo de instrução relativo à eventual classificação da quinta
como imóvel de interesse municipal; e, em 1998, o então Ministro da Cultura concordou com a proposta de
classificar o conjunto cuja homogeneidade relativa hoje se mantém como imóvel de valor concelhio, acrescido
da alameda de acesso na direção norte-sul.
Ora, após a alteração introduzida na legislação em 1999 e em face do impasse existente no IGESPAR
referente à conclusão do processo de classificação, foi todo o processo de classificação remetido para a
Câmara de Cascais, que já tinha iniciado a abertura do procedimento administrativo com vista à classificação
da Quinta e alameda de acesso como imóvel de interesse municipal, processo que terminou em 2013 com a
sua classificação, nos moldes anteriormente aprovados pela tutela.