14 DE JUNHO DE 2014
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Relativa ao projeto resolução n.º 1064/XII (3.ª):
O PSD votou favoravelmente este projeto de resolução do PS por concordar com o seu conteúdo e por
entender que deve haver temas onde seja claro para os portugueses que os consensos são mais relevantes
que o número político.
No entanto, não deixamos de assinalar esta enorme incoerência entre um PS que encheu o país de PPP,
sem critério, sem cuidado, e sem rigor, e um PS que agora vem propor normas para proteger o país de
governos como o anterior, que fez tudo em sentido contrário aos projetos de resolução ora aprovados, e pelo
projeto de resolução apresentado há poucas semanas pelo PSD.
Tivesse o PS tido estes cuidados que agora propõe, e talvez o País não tivesse chegado ao estado a que
chegou em 2011.
O Grupo Parlamentar do PSD.
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O Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português absteve-se na votação do projeto de resolução n.º
1064/XII (3.ª) apresentado pelo Grupo Parlamentar do Partido Socialista porque, apesar de ser justa boa parte
da crítica dirigida à figura de parceira público-privada pelo texto preambular do projeto, o PCP diverge na
solução que apresenta face às PPP.
Na verdade, os milhares de milhões de euros que o Estado português tem afetado a custos dessas
parcerias, com constante benefício para o negócio privado e prejuízo para o Estado e o utente, constituem
apenas um financiamento direto de grupos económicos e financeiros privados pelo Estado. O PCP defende,
pois, a reversão para o Estado dos serviços e infraestruturas que sejam atualmente geridas por modelos de
PPP, devendo o Estado assegurar a sua manutenção e adequada prestação.
Ao mesmo tempo, o Grupo Parlamentar do PS apresenta um projeto que recomenda ao Governo o
cumprimento de recomendações vertidas em relatórios de auditoria do Tribunal de Contas em plano de
igualdade com as recomendações feitas por uma empresa de consultadoria privada, cujo interesse é alheio ao
interesse público e ao interesse nacional, como se de igual importância e pendor se tratassem essas
recomendações.
O PCP abstém-se, pois, no presente projeto de resolução por considerar que o seu conteúdo contribui para
alimentar a ilusão de que existe um modelo de PPP que obedece ao interesse público, quando a realidade
mostra que não podem existir tais modelos e que a solução para os gastos e problemas na gestão de PPP não
passa apenas pelo reforço da transparência com que é realizado o negócio, nem pela disciplina da
fiscalização, mas sim pelo fim desse negócio ruinoso que coloca em causa os direitos dos portugueses,
sacrifica os recursos públicos e apenas beneficia os grandes grupos económicos que por essa via se
apropriam de fatias muito importantes do rendimento nacional.
O Deputado do PCP, Miguel Tiago.
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O Bloco de Esquerda absteve-se no projeto de resolução apresentado pelo PS por este pretender
recuperar e reformar a imagem das parcerias público-privadas (PPP), fazendo crer que o problema das PPP
não é o modelo em si, mas a sua aplicação.
O reforço do controlo no acompanhamento e execução de contratos públicos pode ser uma medida
benéfica, mas o problema reside no próprio modelo PPP, cuja arquitetura leva ao benefício do privado, a altas
taxas de rendibilidade e à assunção de despesas por parte do Estado. Até agora, estes contratos agravaram o
endividamento público, submetendo os interesses públicos aos interesses privados.
Como se vê pelo passado, em que tanto Governos do PSD como do PS aplicaram o modelo PPP, o
problema não se coloca na forma de aplicação do modelo; o problema é o próprio modelo em si.