I SÉRIE — NÚMERO 97
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O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — E, Sr. Primeiro-Ministro, aconteceu uma coisa extraordinária: esta
semana conheceu-se a carta, o Secretário-Geral do Partido Socialista já falou durante 12 minutos e, sobre a
carta, disse zero! O monstro da carta, aquilo que impedia o consenso, a agenda escondida do Governo,
merece, da parte do maior partido da oposição, zero! Nem uma única palavra!
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Como também já não ouvimos falar, o que acontece, aliás, sempre
que a realidade desmente os nossos desejos, de espiral recessiva nem de desemprego galopante. Não deixa
de ser curioso e não deixa de ser, de resto, revelador do estado a que chegou o maior partido da oposição.
Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, escolhemos este tema.
É necessário reforçar a confiança interna e externa que começamos a sentir, para honrar, precisamente, o
esforço dos portugueses, dar sentido útil aos sacrifícios e ajudar empresas, trabalhadores e empresários, que
estão a fazer um esforço enorme para manter a nossa economia produtiva.
Para isso, Sr. Primeiro-Ministro, a nosso ver, é preciso estabilidade e responsabilidade política, a
responsabilidade de, por exemplo, tornar o nosso sistema fiscal previsível e estável, a responsabilidade de,
por exemplo, e à semelhança do que aconteceu no IRC, também na futura reforma do IRS haver esse sentido
de compromisso do maior partido da oposição.
Mas também é preciso haver previsibilidade jurídica nas leis, no quadro legal, nas opções e nas decisões.
Isto também ajudará, certamente, a gerar confiança e, com isso, o investimento externo.
É precisamente em relação a estes três vetores, em concertação e diálogo social com os parceiros sociais,
nomeadamente aqueles que querem, de facto, dialogar e não fazem da luta um modo de vida,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Essa está boa!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — … que o Governo deve concentrar-se naquilo que é essencial: criar
e gerar confiança interna e externa, captar investimento e, com isso, criar emprego e combater o desemprego.
É esta a agenda dos portugueses, é disto que querem falar, não querem falar de cartas, das cartas que
receberam e que não receberam, isso não lhes diz nada, porque, na realidade, pouco ou nada tem a ver com
a sua vida real.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. João Ramos (PCP): — Tem a ver, tem, e muito!
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Nuno Magalhães, disse, na primeira resposta ao
Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, não o que ele disse que eu disse, mas que já estávamos a viver um
momento de desanuviamento, de desagravamento da situação económica e social. Claro que, quando
dizemos qualquer coisa parecida com o que acabei de dizer, há sempre alguém que acha que, para nós, o
crescimento está a ser um milagre ou que estamos a viver no paraíso e acrescentam, assim, umas
expressões, convencidos de que alteram aquilo que dizemos, mas, na verdade, o que se passa é que há um
desagravamento até da tensão económica e social que não é do agrado de toda a gente. É verdade! Quando
passamos para o plano político-partidário, quando este desagravamento até da tensão que se viveu durante
estes anos de grandes dificuldades, é motivo de preocupação, isto significa que já há menos capacidade para
ir buscar votos de descontentamento que possam ser gerados pela tensão económica e social. Isto é um erro
para quem está na oposição, mas é o erro da oposição, e deve ser respeitado, porque os erros também
devem ser respeitados. No entanto, para o País, era evidentemente muito mais importante que a oposição
pudesse ficar satisfeita com estes resultados.
Nós vimos observando o comportamento do desemprego, tal como vimos observando o que se passa com
a capacidade de gerar emprego e, ao nível dos centros de emprego, com uma mais rápida e eficiente afetação