5 DE SETEMBRO DE 2014
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A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — Sr. Presidente, Srs. Deputados, relativamente às questões
colocadas, para que não sobrem dúvidas e para que as pessoas que nos ouvem e querem perceber o que se
passa tenham um verdadeiro esclarecimento, direi que o défice, as medidas que contam para efeitos do défice
e do cumprimento da meta dos 4%, excluem um conjunto de fatores extraordinários.
Os Srs. Deputados referem o relatório da UTAO sobre o Orçamento retificativo. Podem citar igualmente o
relatório que o Governo apresentou com o Orçamento retificativo, porque diz rigorosamente a mesma coisa e
com toda a transparência.
Risos do PS.
Quanto à incerteza de o critério estatístico ser adotado de uma forma ou de outra, tem de ficar
absolutamente claro que, independentemente do que venha a ser a classificação estatística destas operações,
elas não são tidas em conta para a meta dos 4%, logo, não obrigam à adoção de medidas adicionais.
Gostaria ainda de dizer que os critérios que definem o que são medidas extraordinárias que contam, ou
não, neste caso, como em todos, são critérios definidos pelas autoridades estatísticas europeias, que são
entidades independentes, sobre as quais este Governo e todos os outros não têm qualquer intervenção. São
regras que todos conhecemos e estamos obrigados a respeitar.
Portanto, o défice, dependendo da classificação, estatisticamente pode ser mais elevado, mas para efeitos
de medidas, que é aquilo que interessa, efetivamente, aos portugueses, o défice mantém-se no objetivo de
4%, que será cumprido.
Quanto a dizerem que o Governo insiste em afirmar que o País está bem, a Sr.a Deputada Cecília Meireles
referiu a questão do ranking da competitividade. Realço que quem fornece dados para esse rankig não é o
Governo, são empresários, ou seja, não é a voz do Governo a falar mas a dos empresários, que a oposição
acha que estão mal mas que os próprios reconhecem estar melhor.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — Eu diria que, neste caso particular, a voz dos empresários
será a mais credível. Não vos parece, Srs. Deputados?
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Deputado José Luís Ferreira fala ainda em derrapagem da despesa. Tive o cuidado de explicar
detalhadamente na minha intervenção inicial, e está detalhadamente explicado no relatório, que o aumento da
despesa é em rubricas particulares, em especial na despesa com pessoal, e deve-se particularmente à
entrada tardia de alguns programas previstos para este ano, cuja poupança ainda em 2014 será menor, mas,
em compensação, em 2015 será maior, e a poupança virá de acordo com as medidas previstas.
É também necessário despender um montante maior para os programas de rescisão por mútuo acordo. E,
Sr. Deputado Paulo Sá, não se pode falar em despedimento de trabalhadores, o Governo não despede
funcionários públicos, são programas de rescisão de mútuo acordo — realço, de mútuo acordo,
completamente voluntários.
Protestos do Deputado do PCP Paulo Sá.
O Sr. Deputado Eduardo Cabrita — para além de eu achar curioso o Sr. Deputado do Partido Socialista falar em fatores de instabilidade, mas deixemos passar… — diz que este Governo herdou uma dívida de 94%
do PIB e tem uma dívida de 134% do PIB.
Sr. Deputado, este Governo também herdou cofres vazios e tem, neste momento, um montante de
financiamento acumulado que lhe dá para enfrentar sem sobressaltos um período muito considerável e sem
ter de chamar a troica a correr e à pressa porque deixa de ter dinheiro para pagar salários e pensões.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.