I SÉRIE — NÚMERO 110
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reajustamento rápido das contas públicas e da nossa economia, que podia, e devia, ter sido feito
gradualmente pelo anterior Governo, que preferiu, ao invés, sempre governar endividando-se.
Três anos e meio depois, com dificuldades, incompreensões e até erros, certamente, mas sempre em paz
social, Portugal e os portugueses foram capazes de cumprir com a palavra dada, de executar o programa a
que o anterior Governo nos obrigou, de terminar o Programa na data prevista sem segundo resgate nem
segundo empréstimo, de sair da recessão económica, de iniciar uma fase de crescimento, de descer (ainda
que lenta, mas continuadamente) o desemprego e, de voltar a ser um País respeitável, que se financia sozinho
e que caminha pelo seu próprio pé.
É pouco? Até poderá ser pouco, Srs. Deputados, face ao nosso desejo, mas é, certamente, muito face ao
estado ao que o País chegou em 2011 de total dependência externa e de soberania limitada.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Não há razões para euforia, mas há, certamente, motivos para acreditar que estamos melhor que há três
anos e meio e que Portugal foi capaz, como sempre, num dos momentos mais difíceis da nossa História
recente.
Aqueles que primeiro disseram que Portugal não ia cumprir, que o segundo resgate era inevitável e que,
depois, pareciam desejar uma saída condicionada ou cautelar, enganaram-se. Enganaram-se não uma, não
duas, mas três vezes! E hoje são totalmente incapazes de reconhecer os factos que revelam que o País está a
melhorar.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Há menos desemprego, ainda que com valores altos — «foi por causa da emigração», exclamam!
Há um relatório que diz que os níveis da emigração são semelhantes aos de uma década atrás — «então,
serão os estágios profissionais», logo se apressam a dizer, omitindo que cerca de 70% dos estagiários
encontram colocação no final desse mesmo estágio.
Há notícia de criação líquida de emprego — diz a oposição «é trabalho precário!» Percebem que por cada
contrato a prazo no último ano foram celebrados oito contratos sem prazo, mas logo se contradizem dizendo
«é mão-de-obra não qualificada», como se estes portugueses fossem de segunda e não merecessem e
precisassem de trabalho como todos os outros!
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
As exportações sobem — «é a refinaria de Sines», exclamam! Como se Sines não tivesse uma importância
vital para o País ou como se as pessoas do distrito de Setúbal não contassem para os números do
desemprego.
Também crescemos no turismo e na exportação de serviços e bens — «são as primaveras árabes»,
respondem prontamente! Como se Portugal não vivesse num mundo global e competitivo, onde muitos outros
mercados concorrem com as nossas empresas. As primaveras árabes parecem dar maior estabilidade a esses
países, então também o crescimento do turismo não é importante porque é sazonal, como se Portugal — e
outros países — pudesse desperdiçar os recursos naturais únicos que tem ou como se o turismo não esteja a
transformar-se numa atividade de todas as estações no nosso País!
Há equilíbrio da balança comercial ao fim de 40 anos de democracia — «é mau», apressam-se a alertar,
«porque isso representa uma quebra no consumo interno»!
Há um aumento do consumo interno nos últimos meses, porque a confiança vai crescendo. Os mesmos
dizem «é frágil» ou «é da responsabilidade do Tribunal Constitucional»!
Temos, enquanto País, um lastro de dívida pública que pesa e que tem de se controlar — «não», dizem os
criadores da dívida, «a dívida não é para pagar, é para gerir»!
Os juros estão baixos. Mérito da credibilização do País? — «não, é porque o Sr. Draghi quer»!
Nada, mas rigorosamente nada, tem a ver com a credibilização do País ou com o esforço dos portugueses!