I SÉRIE — NÚMERO 5
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Por isso, o Partido Socialista, neste contexto, entende considerar como suscetível de análise para um
enquadramento global esta pretensão, de modo a que globalmente possam ser aproveitadas estas
competências, que, aliás, têm o apoio e o reconhecimento da Ordem dos Enfermeiros na qualificação dos
cuidados de saúde.
Assim, e para terminar, queria deixar explícita esta nossa disponibilidade real e lançar aqui um repto ao
PSD e à maioria para, em sede de Comissão, podermos discutir quais são os avanços reais que a maioria,
perante a nova situação, que, segundo diz, é de crescimento económico, está ou não disponível para
reconhecer, concretamente, a pretensão expressa nesta petição.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Carla Cruz.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O Grupo Parlamentar do PCP começa
por saudar os peticionários e a Ordem dos Enfermeiros, aqui presentes.
Aproveitamos também esta oportunidade, e porque hoje há uma jornada de luta que está a ser
desenvolvida pelos enfermeiros portugueses, para saudar a grandiosa manifestação de luta que os
enfermeiros portugueses hoje desenvolvem.
Aplausos do PCP.
Esta jornada é o culminar das outras jornadas de luta que os enfermeiros portugueses encetaram de norte
a sul do país durante o verão passado. Jornada de luta por melhores condições de trabalho; pela valorização e
dignificação da profissão de enfermagem, pelo fim da discriminação salarial, pela contratação de enfermeiros
em falta nos vários serviços do SNS.
A iniciativa agora em discussão traz à colação um dos muitos problemas com que os profissionais de
saúde se confrontam. Aliás, são vários os problemas com que os enfermeiros se confrontam: a situação de
precariedade em que se encontram milhares de enfermeiros, sendo muitos os enfermeiros que continuam em
regime de prestação de serviços, os chamados falsos recibos verdes; eternizam-se as práticas discriminatórias
salariais, sendo pagos salários discriminados, continuando a coexistir no mesmo serviço profissionais pagos
de forma diferenciada, porque uns estão em regime de contrato de trabalho em funções públicas e outros em
regime de contrato individual de trabalho; há elevada carência de profissionais, sabendo-se hoje que faltam
perto de 25 000 enfermeiros no SNS. Eis alguns exemplos: na Unidade Local de Saúde do Alto Minho, Viana
do Castelo, faltam 400 enfermeiros; no Hospital de Santarém faltam 170 enfermeiros; no Hospital de Santa
Maria faltam 300 enfermeiros.
Os dados refletem a opção do Governo de não contratar os profissionais em falta e, mesmo quando abre
concursos, é em número muito insuficiente para suprir as necessidades.
A somar ao que atrás foi referido, persistem os problemas na carreira de enfermagem. Em termos de
carreira de enfermagem, o Governo impôs uma carreira, sem ter sido alcançado acordo em aspetos essenciais
como: na atribuição salarial; na não equiparação dos enfermeiros a outros técnicos superiores da
Administração Pública com carreiras especiais; não atendeu à especificidade da sua formação, qualificação e
competências na área da saúde; acrescendo ainda o não cumprimento do instituído no Decreto-Lei n.º
122/2010 sobre o acesso a enfermeiro principal.
Para o PCP, os enfermeiros são cruciais para a prestação de cuidados de saúde aos portugueses, por isso
defendemos que devem ser erradicados os problemas com que se confrontam os profissionais.
Defendemos que se deve valorizar económica, social e profissionalmente os enfermeiros e a sua carreira.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana
Aiveca.