I SÉRIE — NÚMERO 8
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Este Governo anda há mais de três anos a diabolizar o Estado e o serviço público. Já fez e prepara-se para
fazer novas parcerias público-privadas, com rendas garantidas, crescentes, como no caso da ANA, e sem
salvaguarda dos interesses do Estado e dos cidadãos.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Ana Paula Vitorino (PS): — Vou terminar, Sr. Secretário de Estado.
Risos.
Peço desculpa, Sr. Presidente.
As regras comunitárias são iguais para todos; quer os regulamentos, quer as golden share são iguais para
todas. A Alemanha e a França não só não acabaram com as golden share como também as empresas
públicas, alemãs e francesas andam a preparar-se para vir às nossas privatizações, à liberalização, ao
mercado liberalizado que o senhor criou.
Portanto, Sr. Secretário de Estado, acabe com o discurso «oh, meu Deus, porque me fizeste tão bom!» e
«estou a resolver os males todos do mundo»; esteja quietinho e não faça mais nenhuma maldade nos meses
que ainda lhe restam.
Aplausos do PS.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Isso é que era bom!
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Sr.ª Deputada, registei o seu protesto sofisticado de me fazer
passar para a bancada do Governo, como reação à direção dos trabalhos parlamentares.
Risos.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Rui Barreto.
O Sr. Rui Barreto (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Em
primeiro lugar, quero saudar o PCP por ter trazido a esta Câmara um debate tão importante sobre um setor
absolutamente estratégico, que tem a ver com o interesse de todas as populações, um debate, aliás, ao qual o
Governo nunca se furtou.
Ouvi com muita atenção a intervenção do Sr. Deputado do Partido Comunista Português e pensei que,
tratando-se de um debate de urgência, o PCP, desta vez, pudesse trazer-nos um conjunto de propostas
novas, algum estudo que tivesse elaborado, um conjunto de sugestões que contribuíssem para uma visão
diferente do setor dos transportes, em Portugal.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Não percebeu nada!
O Sr. Rui Barreto (CDS-PP): — Porém, o que ouvi foi manifestamente uma retórica de imobilismo. É isso,
aliás, o que tem caracterizado o Partido Comunista Português.
Mas centrando o debate, há uma questão em que é manifestamente importante refletirmos hoje e que é a
seguinte: por que é que o Governo português necessita de reestruturar o setor dos transportes? Esta é que é a
questão fundamental. E para isso temos de, infelizmente, recuar ao passado — muitas vezes, para
percebermos o presente e para introduzirmos ação no futuro, temos de perceber o passado —, porque
chegámos a um modelo que manifestamente conduziu à insustentabilidade financeira. Um modelo em que o
setor dos transportes acumulava dívidas sucessivas,…
O Sr. Paulo Campos (PS): — E agora não acumula!?…