I SÉRIE — NÚMERO 11
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No fundo, este diploma vem dar resposta aos muitos apelos e recomendações, nomeadamente do Sr.
Provedor de Justiça, da Assembleia da República e dosmunicípios, para a revisão do diploma de 1993.
O regime do arrendamento apoiado destina-se a garantir o direito à habitação e regula quer a forma de
atribuição das habitações que são detidas por entidades públicas, quer as condições do respetivo contrato de
arrendamento celebrado. Ora, ao contrário do atual regime, a proposta agoraem discussão estabelece que a
renda passa a depender sempre do rendimento e da composição do agregado familiar.
Assim, a renda passa a estar baseada numa taxa de esforço face ao rendimento do agregado familiar, que
atende à composição do agregado familiar, por um lado, discriminando positivamente os agregados com mais
filhos e, por outro lado, incorporando no agregado familiar as pessoas com idade igual ou superior a 65 anos.
Relativamente ao valor das rendas, não só não foi alterado o valor da renda mínima, como, na
generalidade dos casos, o novo modelo de renda apoiada é mais favorável aos arrendatários do que o atual
regime vigente e traduz uma maior preocupação e uma maior justiça social, proporcionando ainda um critério
uniforme, que é essencial para a coesão social.
De forma a promover a mobilidade e a disponibilizar o parque de habitação social para quem, em cada
momento, dele precisa estabelece-se um prazo de duração do contrato de 10 anos, o qual pode ser
prolongado por períodos sucessivos de dois anos, enquanto se mantiver a situação de dificuldade económica
do agregado familiar.
Finalmente, quanto à atribuição de habitações, são estabelecidos critérios preferenciais para famílias
monoparentais ou que integrem menores, pessoas portadoras de deficiência ou com idade superior a 65 anos,
ou relativos a vítimas de violência doméstica, como, aliás, tem sido várias vezes sugerido por este Parlamento.
O último diploma em debate versa sobre o novo regime de renda condicionada, que se aplica aos
arrendamentos promovidos por entidades que tenham recebido financiamentos públicos para a construção de
habitações ou tenham adquirido essas habitações ao Estado ou a outras entidades públicas. Nestes casos,
tendo o Estado cofinanciado aqueles imóveis, é necessário assegurar arrendamentos a preços justos e não
especulativos.
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Estamos perante um pacote legislativo ambicioso, abrangente e inclusivo
que visa promover o acesso à habitação, a coesão social e territorial, a dinamização do mercado do
arrendamento, a reabilitação e a regeneração urbanas e a qualidade de vida nas cidades.
Manifestamos, naturalmente, o desejo de que, numa matéria tão relevante e que visa superar
constrangimentos que nos acompanham há décadas, seja possível beneficiar de um apoio alargado das várias
bancadas parlamentares. Para isso, é necessário colocar de lado soluções imobilistas para problemas
estruturais, assim como persistir em exercícios de mera federação de descontentamentos.
Todos teremos, pois, de estar à altura das nossas responsabilidades.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Ministro, a Mesa registou a inscrição, para fazer perguntas, dos Srs. Deputados
Jorge Paulo Oliveira, do PSD, Idália Salvador Serrão, do PS, Helena Pinto, do Bloco de Esquerda, Altino
Bessa, do CDS-PP, Paula Santos, do PCP, José Luís Ferreira, de Os Verdes, e Pedro Morais Soares, do
CDS-PP.
Entretanto, o Sr. Ministro informou a Mesa que pretende responder, em primeiro lugar, a um conjunto de
quatro perguntas e, depois, às últimas três.
Sendo assim, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Paulo Oliveira.
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território
e Energia, o Governo apresenta-nos hoje, para discussão, três importantes diplomas legislativos, cuja
relevância social e económica são indiscutíveis, ademais transparece na acesa e intensa discussão a que
estas matérias têm dado azo, nomeadamente nesta Casa, mas também em todo o País.
Neste quadro de confronto, de divergência e de dialética política, registámos que o Bloco de Esquerda
apresentou iniciativas legislativas alternativas…
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Há anos que apresentamos! Não é só agora!