I SÉRIE — NÚMERO 14
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O Sr. João Oliveira (PCP): — A campanha eleitoral do CDS vai adiantada!
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — No âmbito da conciliação familiar com a vida profissional,
procedeu-se à criação de uma medida que permitia a conciliação através da empregabilidade parcial,
assegurando o Estado o pagamento do restante salário para que não haja perda dos rendimentos dos pais;
Ajustou-se o abono de família para a revisão trimestral.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Ajustou-se e cortou-se?!
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — Ou seja, a cada três meses passou a ser possível adequar o
abono aos seus rendimentos, quando, no passado, havia um desfasamento de quase dois anos. Em 2013,
mais de 48 000 agregados reviram o seu escalão;
Majorou-se o subsídio de desemprego para casais com filhos a cargo;
Alterou-se a legislação das creches e permitiu-se o aumento de vagas. Desde junho de 2011 que existem
mais de 13 000 vagas;
Procedeu-se a deduções fiscais, em sede de IRS, para os filhos. Atualmente, cada filho com mais de três
anos representa uma dedução de 190 € no IRS e cada dependente com menos de três anos representa uma
dedução de 380 €;
Introduziu-se a majoração no subsídio de doença para pessoas com rendimento médio inferior a 500 €;
Regulamentou-se a profissão de amas, permitindo, assim, criar uma terceira resposta no apoio às famílias.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Há, naturalmente, muito caminho a percorrer e sabemos que temos
de ir mais longe se quisermos ultrapassar o inverno demográfico.
Os números já aqui expostos e tão batidos sobre a natalidade não são novos, nem são apenas nossos. A
queda da natalidade é uma tendência que, infelizmente, temos vindo a assistir desde há vários anos e que é
partilhada na Europa. No entanto, em Portugal, a situação consegue ser pior e mais grave. Em 2013, 70% dos
contribuintes declararam que não tinham dependentes — estamos a falar de 70% dos contribuintes — e,
nesse mesmo ano, cerca de metade das crianças que nasceram eram primeiros filhos.
Estes números mostram que estamos a desenhar um novo retrato das famílias portuguesas, que temos em
mãos um verdadeiro drama demográfico, ao mesmo tempo que registamos a mais baixa taxa de fecundidade
da Europa e das mais baixas do mundo.
Nesta nova fase da Legislatura, passados tantos sacrifícios e recuperada a nossa autonomia, há que
assumir abertamente um compromisso e apostar numa alteração significativa das políticas para as famílias,
um compromisso para alterar esta curva descendente.
Mas não tenham dúvidas: só o iremos conseguir fazer se garantirmos estabilidade nas medidas que
concretizamos e se conseguirmos recuperar a confiança das famílias no Estado. Esta reforma do IRS que
prevê a criação do quociente familiar é disso um exemplo.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Este projeto de resolução do PSD parece saído de O Aprendiz de Feiticeiro!
A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção cabe ao PCP.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Paula Santos.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Neste debate, temos ouvido a direita
expressar pretensas preocupações com a redução da natalidade.
Perante isto, pergunta-se: de quem são as responsabilidades pela redução da natalidade no nosso País?
Serão das famílias, que desejam ter filhos e não podem porque não têm condições económicas? Ou serão dos
sucessivos Governos, em particular do atual Governo, que corta salários e prestações sociais, que promove a
precariedade e o desemprego e a instabilidade familiar e laboral?