I SÉRIE — NÚMERO 19
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É, portanto, neste contexto que temos afirmado a importância do crescimento verde, por três razões
principais.
Em primeiro lugar, porque temos de agir perante o agravamento dos sinais globais de crise climática, de
degradação e escassez de recursos hídricos e de perda de biodiversidade.
Em segundo lugar, porque urge superar a situação paradoxal em que nos encontramos há décadas,
combinando, na área do ambiente e da energia, elevado potencial de recursos, de talentos e de
infraestruturas, mas que, apesar da evolução e das reformas, ainda permanecem alguns problemas
estruturais.
Em terceiro lugar, porque devemos tirar partido das oportunidades económicas e de geração de emprego
associados ao crescimento verde. A economia verde já representa, globalmente, 4 biliões de euros, crescendo
4% ao ano e que crescerá ainda mais até 2020 e 2030.
Portugal tem todas as condições para beneficiar deste fortíssimo aumento de procura de bens e serviços
verdes à escala global para gerar atividades económicas e criar emprego. Temos, na economia verde, todas
as condições para competir e para vencer à escala global.
Mas, Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, o futuro não se faz de uma narrativa, ora nostálgica ora
voluntarista, sobre o nosso potencial e sobre os nossos constrangimentos. Governar é reformar e, por isso,
permitam-me que destaque algumas reformas estruturais que temos vindo a fazer e algumas que terão forte
incidência prática a partir do Orçamento do Estado para 2015.
Começo, naturalmente, pela reforma da fiscalidade verde. Esta reforma fiscal, pela primeira vez, aborda
transversalmente todos os setores e todos os recursos, e, também pela primeira vez, avalia os impactos das
opções tomadas, procura reduzir a dependência energética do exterior, induzir padrões de produção e de
consumo mais sustentáveis, reforçando a liberdade e a responsabilidade dos cidadãos e das empresas e
melhorar a eficiência na utilização de recursos.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Muito bem!
O Sr. Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia: — Ora, lamento constatar que
nestes dois dias de debate nem todos os que opinaram leram a reforma e os sucessivos relatórios e
avaliações de impacte produzidos pela Comissão durante 10 meses.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Lemos, lemos!
Aplausos do PSD.
O Sr. Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia: — É pena porque, deste modo, o
debate facilmente resvala para a demagogia e perde objetividade. Aliás, por momentos, tive mesmo
necessidade de redobrar a atenção para ter a certeza de que me não enganava quando concluía que eram
precisamente os mesmos Srs. Deputados que criticaram o Governo por não ser mais exigente contra os
grandes interesses e com as empresas da energia que, a propósito da fiscalidade verde — pasme-se! —,
repetiam os mesmos argumentos apresentados nos últimos dias por alguns líderes dessas empresas e pelas
associações que representam.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
É extraordinário, não é?
Quem ouve algumas intervenções fica com a ideia de que, para alguns partidos, perdermos 40% da água
que distribuímos, depositarmos 50% dos resíduos em aterro, consumirmos 466 sacos plásticos por habitante
por ano, importarmos todos os anos 7000 a 10 000 milhões de euros de petróleo, exibirmos elevadíssimas
intensidade energética e intensidade dos transportes no PIB não são fatores de preocupação e de
insustentabilidade económica.
Protestos do PS e de Os Verdes.