1 DE NOVEMBRO DE 2014
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verde já estão devidamente sanadas e se já não estão desconfortáveis na proposta que foi apresentada pelo
Governo a esta Assembleia da República.
Aplausos do PS.
Sob o ponto de vista dos princípios, Sr. Ministro, é fácil obtermos consensos; o mais difícil é quanto à
metodologia e às soluções que vocês encontraram. E a minha primeira pergunta começa por aqui: tirando o
aumento dos combustíveis, qual é a receita acrescida da reforma da fiscalidade verde? Ou será que a reforma
da fiscalidade verde — esta reforma da fiscalidade verde — é essencialmente, e apenas, um aumento de
impostos sobre os combustíveis?
Sr. Ministro, responda: qual é a percentagem da receita dos 150 milhões de euros que não têm a ver com
os combustíveis?
Queria também questioná-lo em relação à questão dos sacos de plástico, que são uma bandeira do
Governo. Pena é que, quando o PS aqui apresentou propostas no mesmo sentido, o PSD e o CDS as tenham
chumbado, o que também diz bem da coerência deste Governo em relação a estas matérias.
O PS apresentava um sistema diferente, é verdade, pois pretendia que se fizesse um desconto para quem
não levasse sacos de plástico ou, então, um preço simbólico, de 1 a 2 cêntimos por saco. O seu Governo
propõe 10 cêntimos por saco. Portanto, é bom que clarifiquem, afinal, o que querem fazer em relação aos
sacos de plástico.
Mas, mais importante do que isso, é o fluxo dos resíduos associados aos sacos de plástico. Como é que
vai controlar a venda dos sacos de plástico? Quem é que os leva? Qual o valor que é recebido? É que, neste
momento, o sistema de informação e de controlo da área dos resíduos ainda é manual, o que quer dizer que
estamos a tratar em papel matérias que são fundamentais para a saúde pública e para a qualidade de vida
dos portugueses.
Por último, Sr. Ministro, não posso deixar de referir que nas Grandes Opções do Plano, na página 234, diz-
se que os objetivos do estabelecimento de metas para interligações de energia elétrica com a Europa são de
12% até 2020 e de 25% até 2030. Só tenho de lhe dizer que, no último Conselho Europeu, houve uma entrada
de leão e uma saída de sendeiro, porque o que trouxe de lá, Sr. Ministro, não foram metas vinculativas mas
apenas meras metas para serem obtidas e que não foram nem de 12,5%, nem de 25%, mas de 10% e de 15%
em relação ao ano de 2020 e de 2030.
Portanto, Sr. Ministro, não basta vir aqui anunciar grandes reformas, que depois, na prática, não dão em
nada, não resultam em nada.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta é do Bloco de Esquerda. Para o efeito, tem a palavra o Sr.
Deputado Luís Fazenda.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e
Energia, em primeiro lugar, queria referir-me ao mito da neutralidade fiscal.
Mesmo do ponto de vista técnico, é difícil declarar essa neutralidade fiscal para presunção de receitas que
não são verificáveis previamente. Depois, em anos subsequentes, é difícil também de a comprovar, porque já
não há termos comparativos. Mas admitamos que havia um ensaio de neutralidade fiscal.
O Sr. Ministro, quando apresentou aqui os trabalhos da Comissão para a Reforma da Fiscalidade Verde,
acentuou bastante qual era o mecanismo de reciclagem fiscal: era um mix de vários impostos, não era apenas
o IRS. E, como tal, creio que o Sr. Ministro do Ambiente está agora a desdizer e a contradizer o que foi a sua
própria conclusão e a tomada firme das orientações da Comissão para a Reforma da Fiscalidade Verde.
Portanto, esta anexação apenas ao IRS demonstra que ela não é verdadeiramente neutral, mas isto do ponto
de vista formal da neutralidade fiscal.
Quanto ao conteúdo, os impostos ambientais são uma ferramenta secundária nas políticas de ambiente,
mas como ferramenta secundária têm importância. Só que elas têm de ter importância na medida em que são
ambientalmente úteis.